PENSANDO

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sábado, 14 de dezembro de 2013

1-MARCELO ROSSI 2-PADRE MARCELO ROSSI 3-O QUE FIZERAM COM O PADRE

Havia uma coleção extensa de livros, editados pela Brasiliense chamada Coleção Primeiros Passos... era muito interessante ler de forma hiper condensada a tradução de significados que outros autores precisariam de volumes e mais volumes para clarear vagamente a cabeça do leitor.
Mas mesmo concisos os textos eram saborosos e te faziam penetrar em conceitos e ideias, que ao menos para mim, muitos deles, eram inéditos.
Mas era um be a ba que de alguma forma, até pela simplicidade do texto punha luz nos assuntos... em alguns, eu creio que criava era mais confusão ao tentar explicar de forma simplificada demais conhecimentos que em verdade são muito complexos. Mas essa coleção me motivou a entender como funcionam as coisas... era um pequeno passeio pelos bastidores do saber. Assim como crianças e adolescentes adoram saber como funciona um relógio, um carro, um liquidificador, na juventude, quem tem sede de saber adora entender como funciona a "malandragem" intelectual... qual a verdadeira razão disso ou daquilo existir e para que serve.
Conheço mais gente que gosta do que gente que não gosta do Padre Marcelo Rossi. Ele sem duvida faz bem a muita gente, construiu um história interessante e parece que essa história agora carece de um final feliz, parece mesmo que algo de ruim esta para acontecer.
1 - Marcelo Rossi é uma pessoa como qualquer uma outra, tem como ocupação ser padre, mas destacou-se num determinado momento por incluir extra-liturgicamente alguns momentos de descontração e aeróbica atraindo a atenção de alguns segmentos sociais e midiáticos. Ai acabou a vida dele. Como indivíduo esse marco histórico é a catástrofe que vai leva-lo, um dia lá na frente, a balançar na beira de um profundo precipício. E fez isso involuntariamente, fez no calor da fé, boa vontade e energia da juventude.
Não sei como, não sei exatamente porque, apenas junto 1  + 1 e encontro o 2.
2 - Pois bem, passa a existir um Padre Marcelo Rossi que por uma iniciativa banal, que poderia começar e terminar sem ser notada, faz algum ruido numa cidade gigantesca e cheia de acontecimentos como São Paulo. A coisa explode rapidamente, mas não sem um forte mola propulsora chamada: Fausto Silva ou Faustão e seu Domingão para os íntimos. Esse evento não é gratuito, e nesse momento não só o cidadão Marcelo Rossi havia dado os seus primeiros passos, como alguém, não sei quem, mas existe esse alguém, percebeu o fenômeno e associou-se à mídia ( leia-se Domingão do Faustão ) que tratou de inflar o fenômeno ao máximo possível. Neste ponto, era nítido que o fenômeno Padre Marcelo Rossi ao depor no programa do Domingão, usava a voz, as ideias e o coração do cidadão Marcelo Rossi, mas o alguém por trás dele e a mídia colocavam isso na boca e no corpo do fenômeno Marcelo Rossi, até ai nada de errado, alias, não teremos nada de errado em momento algum desta história. A coisa foi tão exponencial que em uma ou duas semanas já causava estrago no transito da região da igreja do padre Marcelo. Em seguida só em uma fabrica enorme abandonada era possível receber e abrigar a multidão que passou a receber água benta lançada por uma broxa de pintar parede... tudo era grande, a mídia se escancarou para o fenômeno e o cidadão Marcelo foi junto sem saber onde estava entrando... passou a participar de todos os programas de tv possíveis e imagináveis, seguiram-se livros, discos, filmes e muitas músicas que não saiam mais da cabeça das pessoas... era só ver todo aquele negócio, sim, negócio... lembra de Jesus no templo rocando porrada com os  vendilhões? ( João 2:13 e seguintes )
E o cara era com de porrada mesmo... fez um chicote e sozinho botou os camelôs todos para fora do templo... João 2:16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.../
Com o cidadão Marcelo foi o oposto, primeiro criaram para ele o negócio e o comercio e depois resolveram criar o templo...
 Ninguém, ou o tal alguém não pensou pequeno não. Conseguiu um mega terreno na Av Interlagos, uma área nobre da região e mandou ver rapidinho na edificação de algo muito grande... honestamente ficou horrível. O acabamento arquitetônico da obra é de meter medo, uma coisa feia mesmo, mas isso nada importa. O que importa é entender que uma pessoa do bem estava sendo levada por outras pessoas por um caminho que ela acreditava ser o caminho natural a ser escolhido... ora se 1+ 1 são 2 então com mais 1 são 3...
3 - O que fizeram com o padre? 
O padre cidadão Marcelo, pessoa física virou escravo e refém do fenômeno Padre Marcelo, mas nisso não há nada de errado na medida em que em maior ou menor escala somos todos escravos e reféns de nossas necessidades materiais e afetivas... consumimos um vida para satisfazer essas necessidades, temos empregos que não gostamos, cumprimos compromissos sociais que detestamos para não contrariar os outros, pegamos filas que odiamos para rotineiramente fazer coisas que não queremos fazer mas que de uma forma ou de outra nos é imposto... é raro achar quem seja dono de si mesmo, é raro, e não é diferente isso tudo na vida do cidadão Marcelo refém do fenômeno Padre Marcelo... só que o cidadão não deu conta nem física nem emocionalmente da carga. Ele desmoronou ou vem desmoronando aos olhos de todos... e ao mesmo tempo em que é obrigado a ser um exemplo e propagador da fé, mostra claramente que em sua vida real e pessoal não é exemplo algum a ser seguido, antes de ser o instrumento de ajuda a todos esta em verdade pedindo socorro... Não é fácil, eu não queria estar na pele dele... quem o criou deve estar pensando um modo de descriar a criatura...
Quando o Papa Bento 16 renunciou eu e todo mundo ficamos pasmos. Mas o cidadão Joseph Aloisius Ratzinger não via mais caminhos comuns entre ele e Bento XVI, o Papa precisava ser uma pessoa que ele não se achou capaz de ser. No começo me pareceu estranha a atitude porque quando foi eleito ele certamente fez manobras mirabolantes para conseguir o trono, ele era maquiavélico, dominava o cenário politico do estado do Vaticano quando reinava João Paulo II em seus dias de decadência física final. Mas os alemães são práticos e diretos e o cidadão Ratzinger disse: - Deu pra mim, estou fora... e caiu fora mesmo, mostrou de forma clara e simples, tão qual um livrinho da coleção Primeiros Passos, que ele era dono dele, ele havia se feito e não fora feito como o fora nosso fenômeno Padre Marcelo.
Na verdade não importa o que há por trás do fenômeno, importa o bem que ele proporcionou a tantas pessoas e o que ele moveu para frente. Ateus como eu não entendem a profundidade dos sentimentos de quem tem fé. Mas será que ninguém se importa com o cidadão Marcelo Rossi? Não seria o caso de deixa-lo ser um simples padre como todos os outros?
Eu já escrevi aqui neste blog que sempre tive amigos padres ou a proximidade de padres em minha vida, mesmo sendo católico somente até os 9 anos de idade, some-se a isso mais - quase - 47 anos de vida e veja que o catolicismo ocupou 1/6 apenas de minha vida, em de uma vida completamente sem fé. Um dos padres que cruzou minha vida foi um fenômeno igual ao padre Marcelo em sua época. Era um jovem padre de uma paróquia da Vila Sabrina, não sei como ele entrou em minha vida, só sei que ele frequentava minha casa quando eu tinha uns 7 ou 8 anos de idade e as vezes jogávamos basquete no cimentado de minha casa. Mas ele caiu nas graças da mídia e a mídia equivalente ao Domingão na época eram os programas Almoço com as Estrelas e Clube dos Artistas de Aírton Rodrigues e Lolita Rodrigues ( essa a atriz que cantou o horrível hino da TV na inauguração da tv no Brasil ), ele aparecia todas as semanas nos programas do Aírton Rodrigues e nas capas do sangrento jornal Notícias Populares onde diziam era ele o instrumento que operava milagres. Lembro do Aírton Rodrigues perguntando a ele se ele realmente fazia milagres e vejo o Padre Marcelo Rossi respondendo ao Faustão que as graças alcançadas eram fruto da fé de cada pessoa diante de Deus... idênticos, iguais... um dia fomos na igreja dele, um domingo garoento, não tínhamos a menor ideia de onde ficava a Vila Sabrina e nos colocamos a seguir um ônibus que nos levou a um bairro miserável, ruas de terra, esgoto a céu aberto em todas as ruas e lá no meio um multidão tentando chegar perto da igrejinha de vila onde rezava e conduzia seu rebanho o padre nosso amigo. Não lembro o nome dele, se lembrasse escreveria aqui. Lembro dele batendo na janela da casa da gente de madrugada, depois de voltar da tv Tupi ( a Rede Globo da época ) e dizer que apenas tinha vindo buscar uns remédios que meu avô, não sei de onde, arranjou para ele doar aos necessitados de sua igreja, e ele dizia: Não aguento mais, é gente, gente, gente, gente, gente e não parava de dizer "gente"... e ele um dia meio que chorou dizendo que nem podia mais sair para ir comprar comida, que não tinha mais vida... e nesse dia jogamos basquete, num cimentado capenga, com uma bola que não era de basquete, cem cesta de basquete, ele de batina mais eu e meu irmão... e ele feliz como uma criança, longe de uma fama que roubava ele dele mesmo, que era um modelo do que um dia saria a fama e a desgraça pessoal do Padre Marcelo.
O padre de minha vida naquela época um dia sumiu, acabou a fama ou ele fez corajosamente o que Ratzinger fez este ano. 
Mas com a saída de Bento XVI aparece um Francisco, argentino.
Sou absolutamente, no dia, no momento que soube a eleição do argentino me contorci de ódio. Senti vontade de sair matando. Achei que era uma cenário armado para nos fazer sofrer... há uma coisa estranha no mundo, no nosso mundo, aqui no Brasil lutamos bravamente, tentamos fazer tudo direito e acertar, mas nada da certo. O país que era 90% católico caiu nas mãos de uma meia duzia de falsos pastores milagreiros que são o pior da raça humana. Tiram dos desesperados e ignorantes sem a menor compaixão. Assumiram a política, o governo e hoje mudam até o comportamento da Rede Globo, berço conservador da igreja católica desde sempre. Mas a força anti católica foi tão forte que ela dobrou... então porque o maior país católico do mundo, na beira também do profundo abismo não tinha o direito de ter naquele momento um Papa que revertesse não a fé dos verdadeiros evangélicos, dos sérios, dos que seguem pastores de bem que apenas acreditam diferente dos católicos, mas por que não um Papa brasileiro para salvar das garras dos corvos aquela imensa massa de fieis abandonados ao longo das últimas décadas? E mais, tinha que ser logo um Argentino?  Erra porrada demais, e eu nem católico era. Mas, aliás, aqui tem dois mas... o primeiro mas é que se fosse brasileiro certamente seriam um papa menor, assim como nós somos um povo menor, não há como salvar nossa honra, não a temos para salvar. Veja a bosta de copa do mundo que estamos organizando, tudo errado, tudo caro, guindaste caindo, brigas de torcida, manifestações de jogadores e do povo contra esse erro enorme que é torrar bilhões com Copa do Mundo e deixar a saúde, o transporte e a vida desmoronar neste país, teríamos um papa meia boca, não somos sérios o suficiente para ocupar posto majoritário nenhum no mundo.
Nosso orgulho nacional inatingível "Airton Senna" pediu para soldarem a barra de direção de seu formula 1, pediu um pequena gambiarra e foi atendido e com isso não fez uma curva que deveria ter feito e sifu... somos assim, o melhor de nós é um cara que manda soldar a barra de direção de um carro que anda a 300 kms por hora, temos honra? O outro nosso ídolo é rei do futebol, chora pelas criancinhas pobres, come deus e o mundo, não reconhece uma filha ilegitima, quando ela prova com exame de DNA que é filha legítima ele publicamente nega o amor e diz que ela só quer o dinheiro dele, e ele? o que queria, só a xota da mãe dela né? E quando ela morre ele nega aos filhos dela os direitos que eles como criancinhas, as mesmas criancinhas por quem o rei chora, tem. Esse é nosso rei, somos assim, aceitamos como rei esse tipo de canalha... então vem o golpe, o Papa Argentino, acusado de omisso na ditadura Argentina, e caluniado nos primeiros momentos é na verdade um fenômeno capaz de mover e mudar as coisas numa velocidade estonteante.
Não importa quem o fez ou se ele se fez, o que importa é o efeito que causa, como nosso feito fenômeno Marcelo. Mas o papa argentino sabe andar com as próprias pernas, tem cabeça, é um homem feliz, saberá contornar, mas um dia se cansará. O cidadão Marcelo se cansou, ele quer sair de cena, deixar o templo para que outro o termine, ele quer sua vida de volta, ele quer o que todo mundo quer, ele quer ser dono de si mesmo. Ele quer pular fora da maquina de moer carne enquanto não vira vaca ralada.
Quem fez, não fez por mal. Apenas fez porque é um caminho natural na sociedade fazer coisas, cada um que se defenda como lhe for possível.
Quem quer o poder, nem sabe o que é o poder antes de te-lo, mas quer, cando sente o gosto do poder ele não quer mais o poder, passa a querer ficar no poder e sua luta, já que já tem o poder, é para manter o poder eternamente, porque não imagina mais a vida sem o poder. Quem fez o padre apenas sabia que tinha que fazer algo com aquele fenômeno que sem motivo algum despontou no distante bairro de Santo Amaro. Depois que o fenômeno cresceu era preciso manter o fenômeno vivo e isso sugou toda a vida do cidadão Marcelo. Ele esta sendo conduzido ao seu final. Se não conseguir mais ser a imagem  da cura, da mesma cura que tantos buscam nele, perde seu sentido e seu valor, será desaparecido, exterminado e substituído por outra coisa qualquer, fato é que ele não se encaixa no que pensa e diz o papa argentino, crises pessoais não caem bem em propagadores do evangélio . Ele se desenquadrou, tem vaidades, quer ter uma vida pessoal, imaginem Jesus querendo cair fora, cuidar dos cabelos para não ficar careca, preocupado com sobrepeso... ele se desenquadrou porque não é nem Jesus nem papa Francisco, ele é apenas mais uma pessoa comum gerada e gestada neste nosso país onde se chora por criancinhas mas nega-se-lhes a paternidade, onde almeja-se atingir 300 kms por hora, mas manda-se soldar a barra de direção do carro... ele é o que somos, nossa fé não é suficiente para edificar aquilo que acreditamos que somos, entramos na brincadeira sem saber as regras e depois fazemos bico e pedimos socorro a mamãe.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

MOLHADO.

Enfim, gostamos de água.
Gostamos de estar perto e dentro da água.
Bom saber, principalmente em Dezembro quando chove o mundo sobre as cabeças da gente. Mas não é dessa água desobediente que gosto.
Gosto da água controlada, limpa, na temperatura certa e que pese sobre o corpo.
Gosto da umidade, da névoa no meio da mata... gosto do mar cinza, do mar de outono, do mar que mete medo.