PENSANDO

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sábado, 14 de dezembro de 2013

1-MARCELO ROSSI 2-PADRE MARCELO ROSSI 3-O QUE FIZERAM COM O PADRE

Havia uma coleção extensa de livros, editados pela Brasiliense chamada Coleção Primeiros Passos... era muito interessante ler de forma hiper condensada a tradução de significados que outros autores precisariam de volumes e mais volumes para clarear vagamente a cabeça do leitor.
Mas mesmo concisos os textos eram saborosos e te faziam penetrar em conceitos e ideias, que ao menos para mim, muitos deles, eram inéditos.
Mas era um be a ba que de alguma forma, até pela simplicidade do texto punha luz nos assuntos... em alguns, eu creio que criava era mais confusão ao tentar explicar de forma simplificada demais conhecimentos que em verdade são muito complexos. Mas essa coleção me motivou a entender como funcionam as coisas... era um pequeno passeio pelos bastidores do saber. Assim como crianças e adolescentes adoram saber como funciona um relógio, um carro, um liquidificador, na juventude, quem tem sede de saber adora entender como funciona a "malandragem" intelectual... qual a verdadeira razão disso ou daquilo existir e para que serve.
Conheço mais gente que gosta do que gente que não gosta do Padre Marcelo Rossi. Ele sem duvida faz bem a muita gente, construiu um história interessante e parece que essa história agora carece de um final feliz, parece mesmo que algo de ruim esta para acontecer.
1 - Marcelo Rossi é uma pessoa como qualquer uma outra, tem como ocupação ser padre, mas destacou-se num determinado momento por incluir extra-liturgicamente alguns momentos de descontração e aeróbica atraindo a atenção de alguns segmentos sociais e midiáticos. Ai acabou a vida dele. Como indivíduo esse marco histórico é a catástrofe que vai leva-lo, um dia lá na frente, a balançar na beira de um profundo precipício. E fez isso involuntariamente, fez no calor da fé, boa vontade e energia da juventude.
Não sei como, não sei exatamente porque, apenas junto 1  + 1 e encontro o 2.
2 - Pois bem, passa a existir um Padre Marcelo Rossi que por uma iniciativa banal, que poderia começar e terminar sem ser notada, faz algum ruido numa cidade gigantesca e cheia de acontecimentos como São Paulo. A coisa explode rapidamente, mas não sem um forte mola propulsora chamada: Fausto Silva ou Faustão e seu Domingão para os íntimos. Esse evento não é gratuito, e nesse momento não só o cidadão Marcelo Rossi havia dado os seus primeiros passos, como alguém, não sei quem, mas existe esse alguém, percebeu o fenômeno e associou-se à mídia ( leia-se Domingão do Faustão ) que tratou de inflar o fenômeno ao máximo possível. Neste ponto, era nítido que o fenômeno Padre Marcelo Rossi ao depor no programa do Domingão, usava a voz, as ideias e o coração do cidadão Marcelo Rossi, mas o alguém por trás dele e a mídia colocavam isso na boca e no corpo do fenômeno Marcelo Rossi, até ai nada de errado, alias, não teremos nada de errado em momento algum desta história. A coisa foi tão exponencial que em uma ou duas semanas já causava estrago no transito da região da igreja do padre Marcelo. Em seguida só em uma fabrica enorme abandonada era possível receber e abrigar a multidão que passou a receber água benta lançada por uma broxa de pintar parede... tudo era grande, a mídia se escancarou para o fenômeno e o cidadão Marcelo foi junto sem saber onde estava entrando... passou a participar de todos os programas de tv possíveis e imagináveis, seguiram-se livros, discos, filmes e muitas músicas que não saiam mais da cabeça das pessoas... era só ver todo aquele negócio, sim, negócio... lembra de Jesus no templo rocando porrada com os  vendilhões? ( João 2:13 e seguintes )
E o cara era com de porrada mesmo... fez um chicote e sozinho botou os camelôs todos para fora do templo... João 2:16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.../
Com o cidadão Marcelo foi o oposto, primeiro criaram para ele o negócio e o comercio e depois resolveram criar o templo...
 Ninguém, ou o tal alguém não pensou pequeno não. Conseguiu um mega terreno na Av Interlagos, uma área nobre da região e mandou ver rapidinho na edificação de algo muito grande... honestamente ficou horrível. O acabamento arquitetônico da obra é de meter medo, uma coisa feia mesmo, mas isso nada importa. O que importa é entender que uma pessoa do bem estava sendo levada por outras pessoas por um caminho que ela acreditava ser o caminho natural a ser escolhido... ora se 1+ 1 são 2 então com mais 1 são 3...
3 - O que fizeram com o padre? 
O padre cidadão Marcelo, pessoa física virou escravo e refém do fenômeno Padre Marcelo, mas nisso não há nada de errado na medida em que em maior ou menor escala somos todos escravos e reféns de nossas necessidades materiais e afetivas... consumimos um vida para satisfazer essas necessidades, temos empregos que não gostamos, cumprimos compromissos sociais que detestamos para não contrariar os outros, pegamos filas que odiamos para rotineiramente fazer coisas que não queremos fazer mas que de uma forma ou de outra nos é imposto... é raro achar quem seja dono de si mesmo, é raro, e não é diferente isso tudo na vida do cidadão Marcelo refém do fenômeno Padre Marcelo... só que o cidadão não deu conta nem física nem emocionalmente da carga. Ele desmoronou ou vem desmoronando aos olhos de todos... e ao mesmo tempo em que é obrigado a ser um exemplo e propagador da fé, mostra claramente que em sua vida real e pessoal não é exemplo algum a ser seguido, antes de ser o instrumento de ajuda a todos esta em verdade pedindo socorro... Não é fácil, eu não queria estar na pele dele... quem o criou deve estar pensando um modo de descriar a criatura...
Quando o Papa Bento 16 renunciou eu e todo mundo ficamos pasmos. Mas o cidadão Joseph Aloisius Ratzinger não via mais caminhos comuns entre ele e Bento XVI, o Papa precisava ser uma pessoa que ele não se achou capaz de ser. No começo me pareceu estranha a atitude porque quando foi eleito ele certamente fez manobras mirabolantes para conseguir o trono, ele era maquiavélico, dominava o cenário politico do estado do Vaticano quando reinava João Paulo II em seus dias de decadência física final. Mas os alemães são práticos e diretos e o cidadão Ratzinger disse: - Deu pra mim, estou fora... e caiu fora mesmo, mostrou de forma clara e simples, tão qual um livrinho da coleção Primeiros Passos, que ele era dono dele, ele havia se feito e não fora feito como o fora nosso fenômeno Padre Marcelo.
Na verdade não importa o que há por trás do fenômeno, importa o bem que ele proporcionou a tantas pessoas e o que ele moveu para frente. Ateus como eu não entendem a profundidade dos sentimentos de quem tem fé. Mas será que ninguém se importa com o cidadão Marcelo Rossi? Não seria o caso de deixa-lo ser um simples padre como todos os outros?
Eu já escrevi aqui neste blog que sempre tive amigos padres ou a proximidade de padres em minha vida, mesmo sendo católico somente até os 9 anos de idade, some-se a isso mais - quase - 47 anos de vida e veja que o catolicismo ocupou 1/6 apenas de minha vida, em de uma vida completamente sem fé. Um dos padres que cruzou minha vida foi um fenômeno igual ao padre Marcelo em sua época. Era um jovem padre de uma paróquia da Vila Sabrina, não sei como ele entrou em minha vida, só sei que ele frequentava minha casa quando eu tinha uns 7 ou 8 anos de idade e as vezes jogávamos basquete no cimentado de minha casa. Mas ele caiu nas graças da mídia e a mídia equivalente ao Domingão na época eram os programas Almoço com as Estrelas e Clube dos Artistas de Aírton Rodrigues e Lolita Rodrigues ( essa a atriz que cantou o horrível hino da TV na inauguração da tv no Brasil ), ele aparecia todas as semanas nos programas do Aírton Rodrigues e nas capas do sangrento jornal Notícias Populares onde diziam era ele o instrumento que operava milagres. Lembro do Aírton Rodrigues perguntando a ele se ele realmente fazia milagres e vejo o Padre Marcelo Rossi respondendo ao Faustão que as graças alcançadas eram fruto da fé de cada pessoa diante de Deus... idênticos, iguais... um dia fomos na igreja dele, um domingo garoento, não tínhamos a menor ideia de onde ficava a Vila Sabrina e nos colocamos a seguir um ônibus que nos levou a um bairro miserável, ruas de terra, esgoto a céu aberto em todas as ruas e lá no meio um multidão tentando chegar perto da igrejinha de vila onde rezava e conduzia seu rebanho o padre nosso amigo. Não lembro o nome dele, se lembrasse escreveria aqui. Lembro dele batendo na janela da casa da gente de madrugada, depois de voltar da tv Tupi ( a Rede Globo da época ) e dizer que apenas tinha vindo buscar uns remédios que meu avô, não sei de onde, arranjou para ele doar aos necessitados de sua igreja, e ele dizia: Não aguento mais, é gente, gente, gente, gente, gente e não parava de dizer "gente"... e ele um dia meio que chorou dizendo que nem podia mais sair para ir comprar comida, que não tinha mais vida... e nesse dia jogamos basquete, num cimentado capenga, com uma bola que não era de basquete, cem cesta de basquete, ele de batina mais eu e meu irmão... e ele feliz como uma criança, longe de uma fama que roubava ele dele mesmo, que era um modelo do que um dia saria a fama e a desgraça pessoal do Padre Marcelo.
O padre de minha vida naquela época um dia sumiu, acabou a fama ou ele fez corajosamente o que Ratzinger fez este ano. 
Mas com a saída de Bento XVI aparece um Francisco, argentino.
Sou absolutamente, no dia, no momento que soube a eleição do argentino me contorci de ódio. Senti vontade de sair matando. Achei que era uma cenário armado para nos fazer sofrer... há uma coisa estranha no mundo, no nosso mundo, aqui no Brasil lutamos bravamente, tentamos fazer tudo direito e acertar, mas nada da certo. O país que era 90% católico caiu nas mãos de uma meia duzia de falsos pastores milagreiros que são o pior da raça humana. Tiram dos desesperados e ignorantes sem a menor compaixão. Assumiram a política, o governo e hoje mudam até o comportamento da Rede Globo, berço conservador da igreja católica desde sempre. Mas a força anti católica foi tão forte que ela dobrou... então porque o maior país católico do mundo, na beira também do profundo abismo não tinha o direito de ter naquele momento um Papa que revertesse não a fé dos verdadeiros evangélicos, dos sérios, dos que seguem pastores de bem que apenas acreditam diferente dos católicos, mas por que não um Papa brasileiro para salvar das garras dos corvos aquela imensa massa de fieis abandonados ao longo das últimas décadas? E mais, tinha que ser logo um Argentino?  Erra porrada demais, e eu nem católico era. Mas, aliás, aqui tem dois mas... o primeiro mas é que se fosse brasileiro certamente seriam um papa menor, assim como nós somos um povo menor, não há como salvar nossa honra, não a temos para salvar. Veja a bosta de copa do mundo que estamos organizando, tudo errado, tudo caro, guindaste caindo, brigas de torcida, manifestações de jogadores e do povo contra esse erro enorme que é torrar bilhões com Copa do Mundo e deixar a saúde, o transporte e a vida desmoronar neste país, teríamos um papa meia boca, não somos sérios o suficiente para ocupar posto majoritário nenhum no mundo.
Nosso orgulho nacional inatingível "Airton Senna" pediu para soldarem a barra de direção de seu formula 1, pediu um pequena gambiarra e foi atendido e com isso não fez uma curva que deveria ter feito e sifu... somos assim, o melhor de nós é um cara que manda soldar a barra de direção de um carro que anda a 300 kms por hora, temos honra? O outro nosso ídolo é rei do futebol, chora pelas criancinhas pobres, come deus e o mundo, não reconhece uma filha ilegitima, quando ela prova com exame de DNA que é filha legítima ele publicamente nega o amor e diz que ela só quer o dinheiro dele, e ele? o que queria, só a xota da mãe dela né? E quando ela morre ele nega aos filhos dela os direitos que eles como criancinhas, as mesmas criancinhas por quem o rei chora, tem. Esse é nosso rei, somos assim, aceitamos como rei esse tipo de canalha... então vem o golpe, o Papa Argentino, acusado de omisso na ditadura Argentina, e caluniado nos primeiros momentos é na verdade um fenômeno capaz de mover e mudar as coisas numa velocidade estonteante.
Não importa quem o fez ou se ele se fez, o que importa é o efeito que causa, como nosso feito fenômeno Marcelo. Mas o papa argentino sabe andar com as próprias pernas, tem cabeça, é um homem feliz, saberá contornar, mas um dia se cansará. O cidadão Marcelo se cansou, ele quer sair de cena, deixar o templo para que outro o termine, ele quer sua vida de volta, ele quer o que todo mundo quer, ele quer ser dono de si mesmo. Ele quer pular fora da maquina de moer carne enquanto não vira vaca ralada.
Quem fez, não fez por mal. Apenas fez porque é um caminho natural na sociedade fazer coisas, cada um que se defenda como lhe for possível.
Quem quer o poder, nem sabe o que é o poder antes de te-lo, mas quer, cando sente o gosto do poder ele não quer mais o poder, passa a querer ficar no poder e sua luta, já que já tem o poder, é para manter o poder eternamente, porque não imagina mais a vida sem o poder. Quem fez o padre apenas sabia que tinha que fazer algo com aquele fenômeno que sem motivo algum despontou no distante bairro de Santo Amaro. Depois que o fenômeno cresceu era preciso manter o fenômeno vivo e isso sugou toda a vida do cidadão Marcelo. Ele esta sendo conduzido ao seu final. Se não conseguir mais ser a imagem  da cura, da mesma cura que tantos buscam nele, perde seu sentido e seu valor, será desaparecido, exterminado e substituído por outra coisa qualquer, fato é que ele não se encaixa no que pensa e diz o papa argentino, crises pessoais não caem bem em propagadores do evangélio . Ele se desenquadrou, tem vaidades, quer ter uma vida pessoal, imaginem Jesus querendo cair fora, cuidar dos cabelos para não ficar careca, preocupado com sobrepeso... ele se desenquadrou porque não é nem Jesus nem papa Francisco, ele é apenas mais uma pessoa comum gerada e gestada neste nosso país onde se chora por criancinhas mas nega-se-lhes a paternidade, onde almeja-se atingir 300 kms por hora, mas manda-se soldar a barra de direção do carro... ele é o que somos, nossa fé não é suficiente para edificar aquilo que acreditamos que somos, entramos na brincadeira sem saber as regras e depois fazemos bico e pedimos socorro a mamãe.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

MOLHADO.

Enfim, gostamos de água.
Gostamos de estar perto e dentro da água.
Bom saber, principalmente em Dezembro quando chove o mundo sobre as cabeças da gente. Mas não é dessa água desobediente que gosto.
Gosto da água controlada, limpa, na temperatura certa e que pese sobre o corpo.
Gosto da umidade, da névoa no meio da mata... gosto do mar cinza, do mar de outono, do mar que mete medo.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

AINDA SEREMOS COLHIDOS PELA INEVITÁVEL PASSAGEM DO TEMPO.


Gostei de ter visto uma imagem em que um motoqueiro de mais de sessenta anos, cabelos e barbas brancos e longos recostado num a moto é ilustração para uma afirmação tipo: Iniciando uma nova juventude ao invés de entrar na terceira idade.
Ao mesmo tempo em que leio 3 livros que esbarram nisso... um ( já terminei quando fiz esta postagem ) é "O afeto que se encerra" do jornalista falecido Paulo Francis, outro é "As avós" da escritora prêmio Nobel de literatura de 2007  Doris Lessing e o outro é "Como enfrentar a velhice" de José Ângelo Gaiarsa, e que olham a velhice como uma coisa que não pode ser compreendida por quem ainda não a viveu. 
Paulo Francis esboça um auto biografia onde mostra o quanto a falta de recebimento de amor na infância o fez dele um "maduro" ( morreu com 67 anos ) que acredita-se isento de afetividade na retomada da juventude, ele entendia bem desse negócio de usar a experiência adquirida na juventude para usar e abusar da segunda juventude oferecida depois dos 50 ou 60 anos de idade. Ele por não ter ligações afetivas importantes vivia de uma forma plena a sua própria vida sem se ocupar dos outros ou dos problemas dos outros ( em sua vida pessoal, que fique bem entendido )... já Gaiarsa trata de um aspecto aterrador, fala sobre a vingança emocional dos mais jovens contra os mais velhos... quem um dia suprimiu, humilhou, foi duro demais ou deu pouco afeto que se prepare, pois concordo com ele, que é certo que terá uma terceira idade solitária ou pior, vai levar lambadas e mais lambadas de volta... melhor cortar os laços, não ser dependente e nem supridor material ou emocional de ninguém... por fim Lessing noveleia divertidamente sobre a cumplicidade de duas amigas que fazem bom uso da maturidade ( mas este eu não terminei de ler ainda... ) e encaixa mais uma abordagem nas outras que tenho, por mero acaso, lido. 
Sem dúvida, escolho não entrar na terceira idade... mesmo que para isso tenha que passar por imaturo, ridículo e distante.

POSSO PENSAR ENQUANTO ESPERO?

Bem, então pensei.
Não tenho insônia, mas ocorreu uma.
Minha regra é tentar não pensar em nada, ficar na cama, na posição mais confortável e procurar dormir novamente o mais rápido possível... mas embora sentindo sono, não dormi... acordei 4:09 h e tornei a dormir depois das 6 h da manhã... mas podia dicar na cama o quanto quisesse, e fazia um pouquinho de frio e chovia, e eu não tinha que sair de casa, não precisava.
Tudo de bom!
Mas, contrariando a regra me pus a pensar enquanto esperava o sono voltar e ele não ia voltar porque fora ativado...
Já tive que pensar rápido na vida, todos já tivemos em algum momento de emergência, sinuca, entrevista, flagrante ou teste.
Mas poder pensar sem presa é diferente, o pensamento sem objetivo escorre para outras formas e molda-se de maneiras inesperadas.
Como não havia um propósito específico no pensar, então podia pensar em qualquer coisa que quisesse e mesmo assim, como não queria nada de definido, pensei em tudo e em coisas as mais desencontradas... vieram ideias e mais ideias sobre coisas que ando fazendo e que não careciam de novas ideias, mas as que vieram espontaneamente eram tão boas que mudaram vários rumos pelos quais eu já estava caminhando decidido... contribuições gratuitas e inesperadas que vieram melhorar meus planos...
Eu sempre acreditei nessa imprevisibilidade das coisas.
Sempre fui favorecido por acontecimentos assim...
... embora alguém sempre me diga que sou criativo em vários campos, eu, lá no fundo sei, que criatividade não é dom, que essas surpresas nocauteiam o ego de quem se acha, e que ter ideias, muitas ideias não é lá grande coisa... bom mesmo é ter a ideia certa e adequada.

AFINAL, POR QUE AMAMOS TANTO AOS ANIMAIS?

Cães são maravilhosos, mas vivem, pouco. Isso é angustiante para quem, como eu, olha para os cães e os vê como começo, meio e fim.
Já tivemos algumas dezenas de cães e umas duas dezenas de gatos.
Sempre fui ligado em cães e gatos e vivi cada alegria e cada perda de forma intensa.
Mas hoje a posição que os cães e gatos ( em geral. E basicamente ) ocupam na família ou na vida solitária é muito diferente da posição que ocupava a 30 ou 40 anos atrás... eles agora estão no centro de tudo, integram de forma muito importante um lugar muito especial na vida de muitas pessoas...
Eles tem uma vida curta e um comportamento sintético... basicamente são:
fieis, disponíveis, humor constante e não reclamam de quase nada.
Com uma psicologia mais simples e portanto mais óbvia, os humanos encontram neles aquilo que não conseguem em outros humanos, e isso foi sendo descoberto intensamente nos últimos tempos... a cada decepção com um humano um abraço num cão... uma lambida de gratidão e alguns saltos de alegria simplesmente porque você chegou perto dele. Não cobra quase nada além de comida, água e atenção. Dorme onde for possível, mas se possível onde possa de alguma forma manter o contato permanente.
Não é aquele amigo pra quem você liga e sempre cai na caixa postal, não... o cão sempre responde, esta sempre disponível... com isso ganhou a preferência e o lugar...
Não adianta mais querer inverter esta realidade, os cães não perderão mais o trono, e dentro de uma década ou década e meia no máximo já haverão leis sobre herança e matrimônio de humanos e cães... ninguém mais vai lembrar que em 2013 o que se discutia era a legalização de matrimônio entre pessoas do mesmo sexo... 
Quando uma multidão resolveu invadir o instituto que muito possivelmente torturava animais, ninguém discordou, ninguém viu aquilo como uma anormalidade... muito pelo contrário, houve foi muita solidariedade e mesmo o instituto fechando e demitindo todos os funcionários, ninguém se importou com esses humanos que agora perdiam o sustento... parece justo que paguem pelas torturas que fizeram.
Foi com ingenuidade, simplicidade emocional e códigos claros que os cães conquistaram tudo isso, e eles nem sabem disso.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

NÃO POSSO NEGAR QUE GOSTEI!

Depois de ficar 3 meses sem ver a novela das 9 h, agora estou tirando o atraso e me divertindo como nunca.
Se estivesse sendo escrita por Dostoiévski não teria a menor graça, mas como é escrita por um time que tem que entregar um capitulo por dia e em número de palavras formará, no final da obra, um volume muito maior que a Bíblia, então não tem remédio, alguns deliciosos erros ficam escancarados... mas passam batidos...
Quando Felix fala para Paloma desculpa-lo por não ter sido um bom irmão, ela, que todas as noites assiste a navela em que trabalha, comete o ato falho e entrega que já conhece todos os segredos e mistérios da trama.
Ela pergunta respondendo: - O que foi que você fez Felix?
Oras bolas, quem disse que ele estava se desculpando por ter feito algo?
Se fosse escrita por Dostoiévski ela perguntaria : - O que foi que você não fez Felix?... e ele poderia responder que não tinha sido um bom irmão por ter sido pouco atencioso e carinhoso com ela, simples assim, mas como ela e o autor conhecem a trama e não sabem escrever já entregam que a desculpa e por ter agido e não por ter se omitido... assim a obra fica imperfeita.
E quando a obra é imperfeita a melhor coisa do mundo é assistir junto com minha filha onde detonamos comentários e elucidações dos fatos... em geral nos mijamos de rir com as abobrinhas que falamos, mas só falamos porque os programas que assistimos dão as deixas, não é culpa nossa, nosso é o prazer em ver tv assim.
Por exemplo: quando a mulher do Felix confirma que o Cezar era seu cliente, nós já colocamos na boca da Pilar a frase de indignação: - Mas como? Você também era médica e escondeu isso da gente!... então ela esclarece : - Não, eu não era médica, eu fazia programas! daí colocamos na boca do filho do Felix a seguinte frase: - Mamãe, então eu também tenho que confessar algo... eu também secretamente sou Hacker, eu também faço programas invasivos...
Assim a novela fica muito mais divertida...
Mas o nosso xodó é o The Voice Brazil, impossível não viajar nas abobrinhas ditas e vindas de todas as partes, das falsidades dos jurados e das absolutas incoerências dos resultados, só não digo que é o melhor programa humorístico da Globo porque o Amor & Sexo esta, ultimamente, muito melhor.

Nota.: Eu tento, tento, mas não consigo decorar os nomes dos personagens da novela, a mulher do Felix é a Barbara Paz com cabelo de ninho de pomba e eterna cara de pileque, mas adoro ela, é perfeita e o filho do Felix é o garoto com cara de japonês... acho que não foi o cliente Cezar que fecundou aquele óvulo não... ah, e torço pelo cabelo do garoto que vai ser adotado pelo casal gay, tomara que não dê certo e ele seja adotado por um barbeiro. 

sábado, 2 de novembro de 2013

O ADEUS ALHEIO...

Ainda em clima de finados e despedidas... veio-me à lembrança a história do sujeito que de solitário, ao viajar, não tendo a quem dar adeus, deu adeus a quem acenava do balcão da estação de embarque acenando para outras pessoas... surrupiou um adeus alheio.
Isso porque ontem na novela o tal Dr. Herbert, depois de se meter numa situação confusa e desagradabilíssima saiu tonto pelas ruas sem ter com quem desabafar...

Deu na casa de uma ex caso que o acolheu e tentou ouvi-lo... mas o moço só queria chorar e queria que alguém o visse chorando... não teve coragem de enfrentar sozinho a merda que fez a muitos anos atrás e que por puro azar lhe vem cair a cobrança nas fuças muitos anos depois... vai ter azar assim lá na novela.

Mas gostei da cena, gostei da trama, gostei da ideia porque já vi algo parecido, já vi durões desabarem por coisas banais, e essa história de homem não chorar é foda mesmo...

Mas foi bem colocado o enfoque no "precisar de ser visto chorando por alguém".
Chorar sozinho é como não chorar... o choro precisa de público para produzir efeito, tanto no chorão como no público...

Aquele desmaio emocional também não funciona se você estiver sozinho, alias é ridículo para cacete alguém ter um transtorno emocional e desmaiar sem testemunha... não acho que exista nada mais ridículo que ter que acordar sozinho depois de um desmaio, abrir um olho, perguntar: - Onde estou? e não ter viva alma para responder, ... depois perguntar: - Quem sou eu? e ter que apalpar a calça para achar a carteira, sacar dela a Carteira de Identidade e descobrir quem é.... é ridículo demais da conta...

Por isso Herbert teve que procurar alguém, inicialmente para conversar, mas depois converteu a necessidade em apenas ter que ser visto chorando para provar que sofre, que tem sentimentos, alma e consciência de que algo de errado aconteceu e portanto foi feito... com isso, pensa, purgou o erro, não há nada mais cafajeste que isso, chorar ao invés de enfrentar de peito.

Chegar a um ponto na vida onde não se tem nem um cachorro para ouvir a pessoa é fodissimo... nesses casos recomendo o suicídio discreto, aquele em que o corpo é encontrado 11 dias depois, quando o cheiro passa a incomodar os vizinhos do condomínio, nada de saltar da ponte estaiada em pleno rush na pista central da Marginal Pinheiros, isso é muito feio e não deve ser feito.

Dr. Herbert tinha começado a resolver sua vida, solteirão aos 50 anos sem ter descoberto/assumido sua homossexualidade  resolveu casar para manter-se covarde diante da hipótese de sair do armário... mas escolhe a moça errada, puro azar, é que em novela o número de personagens é pequeno e sempre se corre o risco de pedir a filha ou a irmã em casamento... e no caso da dita novela, já tem viado demais e não teria como converter a solteirisse do Dr. em bichisse... mais um pouco e vão ter que trocar o nome da novela para "Amor à biba".

Chorou, chorou baixinho para ninguém ouvir, chorou largado, chorou abraçado forte para a amiga não ver sua cara, minimizou o sofre, umedeceu a camisola da amiga e pegou no sono como fazem os bebês que depois de tanto chorar, cansam e dormem... 

Durões são bebês, frágeis e inconsequentes, prontos para despertar e fazer uma nova cagada maior ainda. 

Agora vamos dar tchauzinho aos alheios.





NÓS QUE AQUI ESTAMOS, POR TÍ ESPERAMOS!


Bem vindos ao dia de Finados, ou dia dos finados...
Dia ( em verdade, noite )de fazer pic-nic em cemitério em todo o México, lá a coisa é bem  divertida e os cemitérios deles bem coloridinhos...



E são também muito engraçadinhos os mexicanos...




Já por aqui, penso que por conta dessa maldita colonização portuguesa que sofremos, somos depressivos em relação ao assunto morte... tememos, choramos e depois idolatramos os mortos... aquela coisa de chorar pelos mortos pelo resto da vida... lembro de uma senhora portuguesa que certa vez me contava aos prantos sobre a morte do irmão dela, e eu achando que tinha sido por aqueles dias e era na verdade uma história ocorrida a mais de 40 anos, mas a emoção era tão intensa de coisa perpétua tal qual a morte, que me fez pensar estar conversando com uma pessoa que voltava de um velório.

A personagem de Fernanda Montenegro num especial recente da Globo disse que a morte é como fazer um curva na estrada... deixamos de ser vistos, e isso é um boa definição da morte...

Em geral todos iremos morrer... alguns de forma bonita, outros tragicamente e a grande maioria banalmente... 

Se você já passou o ano novo na praia e viu aquela multidão de sei lá quantos milhões de pessoas juntas, já imaginou que para cada uma delas haverá uma morte, um caixão, um velório e um enterro??? Parece que não vai ter nem tempo disponível nem espaço para todos, mas pro incrível que pareça velório na vida da gente não é coisa que acontece todos os dias... era pra ser igual a motoqueiro passando pela gente no transito, um atrás do outro, mas não, as vezes passam-se anos sem que a gente vá a um... mas fique frio, quando você chega à casa dos 50 anos tem velório de amigo e parente todo mês.

Enfim, viemos do pó, espanamos o pó, cheiramos o pó e ao pó retornamos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

OH!

Ó! Afirmo.
Desventura.
Passa o pai lutando uma vida para dar tudo aos filhos.
Dar exatamente algo que não precisa ser dado.
Constato, não sou o único.
Eu já desconfiava, mas precisava do tempo e de alguns papos para confirmar que isso é mais comum do que possam pensar.
Conta centavos o diligente pai para fornir os filhos do saber e complementos do saber que em breve se transformarão em duas coisas - inevitavelmente.
Uma coisa: Transforma-se a carreira numa guinada na carreira, o engenheiro vira dono de restaurante, a psicologo vira figurinista e o médico vira dono de pousada... querem 1530 exemplos????, me poupem... todo o suor gasto para educar acaba no bolso do dono da faculdade e o diploma no fundo da mais esquecida e remota gaveta, filhos que não sabem escolher a carreira, deviam ir para  a cadeia.
A outra coisa: Aquilo que deveria ser gratidão transforma-se em pé na bunda...
... não direi ingratidão... não chega a ser... apenas um leve asco... um: - Tudo bem, passou, agora mantenha-se longe de mim...
Um velho só, nada mais é que um velho que um dia esqueceu de priorizar o carinho a ser dado.
Quem de alguma forma comprou os filhos vai inevitavelmente ficar só.
Quem não priorizou ouvir e compreender vai ficar sozinho mesmo. 
A regra me parece simples - vamos ver:
- Você procura dar alguma coisa para seus filhos, mas não se esqueça de todos os dias dizer alguns nãos... em seguida dê gratuitamente bastante presença e uma boa dose de contato físico, finja que se importa com eles... acrescente um "se vira" duas ou três vezes ao dia... um bom dia e um beijo de boa noite todos os dias, religiosamente... lembre-se sempre dos aniversários e ignore os amigos deles... procure sempre ter a sua idade e nunca tente ter a idade e as ideias de seus filhos, trate-os sempre de cima para baixo com toda a dignidade, mas mostre que você é você e eles são eles... desinteresse-se por eles sempre que puder, e tenha segredos, coma escondido o ultimo pedaço de pudim que esta na geladeira, minta sempre que possível e esconda os Sonhos de Valsa e chocolates de grife, dê para eles aquelas tranqueiras da Pan. Não aceite presentes deles... afinal, esses safados compram com o seu dinheiro presentes idiotas, coma o rabo deles sempre que fizerem isso... deixe-os errar e sofrer, não construa sua vida inteiramente baseada na relação pai x filhos... eles são legais de ter, mas não são a sua vida, você é a sua vida.

RINGO STAR

Ontem - 29 de Outubro de 2013 - as 19:48 h foi o momento em minha vida que estive mais próximo fisicamente de um Beatle... mas é patético, direi porque...
Eu nasci em 1958 os Beatles começaram a carreira deles em 1960... eu até posso dizer que ouvi uma ou outra música dos Beatles antes de 1970, mas ouvi uma ou duas músicas e no máximo por uma meia duzia de vezes... em casa ouvia-se outro tipo de música, eram boleros e coisas assim, tipo: Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Orlando Silva, Marlene, Linda Batista e sertanejos, nem vou listar, mas predominantemente sertanejos.
Com isso cresci sem um gosto musical, ouvindo compulsoriamente "música de gente mais velha".  Só quando entrei em meu primeiro emprego em 1970 a coisa toda mostrou-se existir. Sai de meu mundo infantil e infantilizado pelos meus familiares e bati de frente com um outro tipo de gente,  e por trás dessa gente havia um outro mundo e um outro tipo de comportamento. Depois me chegou às mãos o álbum Abbey Road  e pela primeira vez na vida eu tive a oportunidade de ouvir inteiro um disco de rock, dei sorte, comecei tarde, aos 12 anos, mas entrei pela porta da frente. Quando consegui comprar o primeiro disco em minha vida escolhi o que tinha a canção Hey Jude... 
... por muitos anos segui gostando de tudo deles e pouco sabendo sobre os integrantes da banda, depois inevitavelmente fui pescando algo aqui e ali e só muito recentemente passei a ler e pesquisar profundamente tudo sobre eles... as vezes cansa, as vezes é um orgasmo, mas cheguei a uma sintese sobre meu gosto pelos Beatles... e escrevendo esta postagem, fui interrompido pelo telefonema de uma amiga me avisando que minha primeira camiseta preta com The Beatles escrito em branco, que eu encomendei, já chegou...  porra, só agora aos 55 anos e meio, tardio né? Ou serão sinais? Uhhhhhh... !
Mas com o passar dos anos fui passando a gostar muito de Paul MacCartney a ter um profundo desprezo por John Lennon e meio que separando uma coisa de outra. Uma coisa são os Beatles, outra coisa é a merda que foi assinarem Lennon/MacCartney uma porrada de músicas, outra é a obra de Paul e uma outra coisa é a obra pequena porem magnifica obra de Harrison... mas e Ringo?
Bem... baterista não é músico, segundo o que penso e pensam muitas outras pessoas... Ringo é um cara legal, simpático, querido por todos... mas, além de ser um tremendo sortudo ( The Beatles mereciam um baterista melhor ), não contribuiu com quase nada na banda... e nas mãos de outro baterista os Beatles poderiam ter avançado muito mais, ter feito coisas melhores... não há como negar, ele fez um arroz com feijão danado...
Mas The Beatles acabaram antes de eu saber que eles existiam, e isso foi foda.
Depois fui juntando cacos e virei um fã fora de hora, sem saber quem eram os caras que eu gostava e descobrindo mais tarde que não gostava de todos e que alguns mais atrapalharam que ajudaram... depois de anos Paul MacCartney veio ao Brasil fazer o celebre show do Maracanã, e passou a ser frequente e democrático como se fosse um Ray Connif, Julio Iglesias ou Laura Pausini, tipo: virou figurinha fácil, mas ai já havia acontecido um fenômeno asqueroso aqui em São Paulo : "A tentativa de exterminar o público pelo assassinato do bolso"... assim uma estacionadinha ao redor do estadio onde iria acontecer um show do Paul passava a custar entre R$ 100 e 150 pixolés... um ingressozinho básico, mal acomodado, bem longe, banheiro sujo e com chuva na cabeça saia por módicos R$ 300 paus... uma coca-cola era facilmente comprada por R$ 15 patacas... e a qualidade de tudo não condizia nem com  o preço cobrado nem com o poder aquisitivo médio do público... ir a um show significava ir à falência... não mudou ainda, mas hoje já sobram ingressos para muitos ilustres que acabam tendo que fazer promoções de última hora... com isso, ver ao vivo, ver de perto um ídolo tornou-se coisa de 19° utilidade, é a coisa menos prioritária na vida de qualquer ser humano que se ponha a pensar os prós e os contras... sem paixão e sem fanatismo algum... mais vale um dinheiro no bolso que um gosto que vira desgosto.
Voltando ao inicio...: não sei qual a importância real teria em minha vida ver um Beatle de perto, ou ao menos de longe ao vivo, mas eu diria que muita... eu sempre dei e dou muita importância à arte deles, mesmo fazendo zilhões de ressalvas... Já pensei em ir ver o Paul mesmo contra minha disposição em não enfrentar o "mundo explorador de bolso"... mas na última hora sempre me faltou aquele segundo de insanidade para ter a iniciativa. Travei.
Mas ha alguns meses minha filha me trás um caderno de um jornal qualquer que anunciava o Ringo Star em São Paulo em 29 de Outubro no Credicard Hall, e me ofereceu o jornal quase que como a querer dizer, nessa você tem que ir...
Pensei: Imagine, queimar um sonho vendo o Ringo?, logo ele, se fosse bom seria no Morumbi, tipo Paul, sem chance... mas ontem voltava para casa como paulistano civilizado que agora patrioticamente anda de trem e deixa o carro em casa, passo, espremido, comprimido, chacoalhante dentro de um trem Osasco x Grajaú as 19 horas e 48 minutos a poucos metros do Credicard Hall, e me lembro e olho o prédio onde lá dentro a poucos metros de mim esta, já no camarim, o Beatle que eu não tenho vontade alguma de ver pessoalmente.
E chegamos à estação Santo Amaro e eu penso que não sonhei forte o suficiente, que não desejei direito, que não mergulhei tão fundo quanto deveria nessa história de ser fã... que afinal Ringo não é Beatles mas Beatles foi a banda que preencheu minha alma por toda uma vida, e que eu deveria me importar e dar mais importância a isso... não dei.
Passei anonimamente, na mais plebe passagem possível perto de alguém que queira eu ou não, simboliza algo que é importante para muitas pessoas... e eu ao invés de gritar: Lindo, mais um, apenas ouvi: - Próxima estação Santo Amaro, desembarque pelo lado esquerdo do trem, cuidado com o vão entre o vagão e a plataforma. Foda, só agora entendi porque foi que o sonho acabou.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

UMA ESCAPADINHA

Li, mas muito rapidamente no Facebook a noticia de que a vovó desaparecida na verdade estava dando um longo passeio pelo litoral de Santa Catarina...
Nem precisei ler mais, nem queria ler mais, minha imaginação se prontificou a completar a história do jeito mais gostoso possível.
Imaginei a senhora, cuja foto vi, e parece alguém conhecida, as senhoras de certa idade sempre se parecem muito umas com as outras...
...mas imaginei a vida dela, certinha, comportada, cheia de rotina e ela olhando para o relógio da parede e pensando: - Se não faço agora, não faço nunca mais... a morte vai chegar, pode chegar de surpresa, se eu ficar aqui ela me pega e morro de forma banal, se eu me aventurar e der algo errado morro de forma gloriosa... em nome dos 80 anos de covardia que já vivi agora vou arrepiar e atravessar a ponte que separa a rotina da vida... vamos lá.
Saiu, não avisou ninguém, até porque se falasse para alguém não iam deixar e foi ver o que é que tinha la do outro lado da rua...
Na verdade lá não tem nada que não tenha cá...
Mas o que faz a diferença é ir até lá pra ter a certeza com seus próprios olhos...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

FALHOU!


Vamos pensar...
Não é covarde aquele que não tem o propósito de competir o tempo todo.
Alguns vieram ao mundo para ficar no alto acima de tudo...
Outros vieram para ganhar e sumir, voltar ganhar novamente e sumir de novo, nem levam o troféu para casa, contentam-se com o prazer do jogo.
E a grande maioria esta ocupada demais com fechar as contas do mês e nem tem tempo pra julgar coisa alguma.
A esmagadora maioria que dessa vida leva somente a gota que escorre da caneca ( conforme podemos observar na magnifica ilustração acima )...

Mas para vencer é preciso ter talento e ser esperto.
Para ser esperto é preciso viver do fim para o começo...
E saber viver do fim para o começo demanda pensar, pensar e pensar muito.

Eu hoje olho daqui para lá para trás... supondo que aqui seja o fim e o lá para trás seja o começo.
Vejo uma pessoa se dando mal na vida.
Pego um monte de post it e desenho em cada um deles uma passagem importante da vida da pessoa em questão, vou colando cada um na sequencia e usando o que me ensinou o escritor William Faulkner, que a habilidade do escritor deve ser a de conseguir deter o movimento do personagem para que quando o leitor passe por cada cena faça com que ele reviva eternamente...
...bem, com essa técnica de deter cada passagem da vida da pessoa eu posso então olhar o conjunto da tragédia e brincar de deus - só não faço isso com a minha vida.

O que vejo?
Vejo o mesmo movimento detido sendo repetido em cada quadro.
Uau! Que gênio!
João amou Maria que não amava João...
Então João procurou encontrar Maria em outras pessoas...
João achou outra Maria que também não o amava...
Então João procurou encontrar Maria novamente em outras pessoas...
E João achou outra Maria que não o amava...
Mas não existe o post it do momento em que João não notou que era amado por uma pessoa que não se chamava Maria...
Bem, então deixa eu desenhar uma duzia desses e intercalar...

Agora tenho uma sequencia em que João se deteve em um propósito e não percebeu que seu objetivo estava vindo a ele em sentido oposto, ele buscava mas também era buscado e não via que já tinha o que queria mas que tinha vindo a ele e não buscado por ele... não viu e não deu valor.

João pôs preço nas coisas... João achou que tinha mais valor do que realmente valia, tinha o foco no post it do presente e não procurou saber como seria o último post it da sequência... se tivesse pensado, se tivesse desenhado sua trajetória em post its amarelos, ele teria visto as repetições, se visse de trás pra frente teria visto a vida vindo em sentido contrário...

João esta a chupar o dedo agora.
João não imaginou um final infeliz... se o tivesse feito teria tido tempo de redesenhar os post its ou de mudar alguns de lugar, eliminar outros e de simplificar toda a história. Teria dado mais valor aos sentimentos dos outros e teria achado um caminho melhor.
Competiu e perdeu, faltou clareza para ele perceber que não era tão esperto quanto achava que era... nem seu valor era tão elevado assim.





sábado, 12 de outubro de 2013

FÉ, MAS FÉ ACREDITANDO MESMO.

Bem, hoje estou animadinho...
Vamos dar uma chacoalhada nisto aqui...
Que tal escrever umas coisas pra motivar alguns leitores anônimos a comentarem com um monte de cacetadas ????
Tentemos ó pai.

Primeira pergunta:
U qui qui é melhor di qui ganhar uma Copa do Mundo?
Resposta: Ver decolar um ônibus espacial...
Vejamos as imagens então:
Acima a hora do gol ou da decolagem que no final se equivalem aproximadamente muito de perto uma da outra.
Abaixo, a hora - o momento -  da decolagem, é de tirar o fôlego e fazer pensar...



Perderam o fôlego?
Ainda não... ???
Vejam mais então...


E agora? Já estão sem fôlego ????
Ainda tem... é mesmo? Então vamos mais fundo, ou mais alto...

Bem, então agora vamos ao assunto de verdade e vamos parar com essa palhaçada de ônibus espacial... tchau bumba espacial... tchauuu...

Minhas avós tinham fé.
Elas tinham muita fé em Deus, nos Santos, na igreja Católica Romana, iam à missa e rezavam sempre que a situação pedia.
Rezavam para dormir, rezavam quando estava chegando um temporal, rezavam pelos que estavam doentes, rezavam por tudo quanto julgassem ser possível assistir, ajudar, interceder... era fé que não acabava mais.
Quem eram elas?
Eram mulheres que tinham vidas nada fáceis.
Nasceram humildes, dentro da mais completa pobreza e privação material.
Tinham que fazer de tudo, cuidar da casa e dos filhos, fazer sabão, lavar muita roupa e faze-las durar muito, fazer render a comida pouca, que teria que de uma lado sustentar 4 filhas e um cunhado folgado, do outro 10 filhos e uns outros tipos folgados que viviam na cola... não era pouco, e já na época, eu muito pequeno podia sentir ali na minha cara o que era uma vida dura, o que era uma trabalho fisicamente muito pesado, ensopadas lavando roupas em dia de frio, carregando peso, caminhando longas distâncias, nada era fisicamente fácil.
Nunca diziam: - Não dá mais, chega... nunca. 
Diziam: - Deus vai ajudar, vamos rezar...
E reza após reza viam a vida ir avançando, as coisas se formando, os filhos crescendo e iam acumulando pequenas vitórias cotidianas e não reconhecidas e algumas, muitas, várias derrotas... sempre. A fé não podia tudo.
Nenhum abalo, nenhum retrocesso, nenhum ônibus espacial... 
Ônibus espacial?
Vamos falar de ônibus então:
Veja as fotos acima... sinta a força, a potência, a energia...
Se você não tem fé, dá quase pra acreditar em Deus vendo a explosão de energia necessária para fazer subir um negócio desses... eu adoraria ver uma decolagem dessas, acho que é melhor que ganhar uma Copa do Mundo sim... o estrondo, a luz, a fumaça, a trajetória em curva para o alto... aquela massa enorme de metais subindo e deixando o planeta para trás... quem foi o maledeto que conseguiu invetar uma coisa tão impressionante assim?
Eu adoraria ver... mas não vai mais ter.
Volta para a fé das avós.
Eram ônibus espaciais... a minha paterna quando tinha ataque de fúria era mais forte e violenta que um ônibus desses ai... uma vez vi ela arremessar meio tijolo em direção da nuca de meu Tio Dorival... polta que los pariu... eu não imaginava que: 1) Ela tivesse coragem; 2) Que ela conseguisse arremessar um meio tijolo, que na época eram maiores que os de hoje, tão longe; 3) Que ela fosse tão ruim de pontaria - sorte do Tio Dorival.
Mas tudo nelas tinha a dosagem de um lançamento de ônibus espacial...
Quando hoje vejo essa turminha da Geração Y esparramada no sofá vendo tv, com fones de ouvido e laptop no colo pedindo para alguém ir na geladeira pegar algo para eles... dá vontade de... da vontade de... chorar/mandar a merda/matar afogado na privada/fazer voltar para o útero e não sair mais de lá.

Mas algo deu errado...


A fé das avós não chegou intacta até a gente.
Por várias razões que  constatei ao longo de uma longa e profunda meditação - algo próximo de 20 segundos pensando sozinho enquanto esperava o Google carregar - a coisa não passou para o DNA da gente... e da gente para os filhos da gente, então, passou porra nenhuma.

Em 3 gerações matamos algo que foi vital para nós e para que a Geração Y pudesse só desejar e não contribuir em nada e ainda sair reclamando.

Ainda trabalhamos muito - apenas alguns de nós - mas já não tão combativamente  e sem fazer muxoxo nenhum... reclamamos, deprimimos, surtamos, damos piti, inventamos justificativas para não fazer... assim é, assim somos, vergonhosamente somos.

Minha avó materna era gorda e forte, minha paterna era magra e muito forte.
Hoje todos são - eu graças a Dels não sou - gordos... antes num ônibus que cabiam 36 sentados e 42 em pé, hoje cabem 36 sentados e 42 em pé, mas ficou apertado para cacete e tem gente aos montes que não passa mais pela catraca e precisa descer pela porta da frente.

Enfim, por fim vos digo.
Nossas avós sustentaram na reza a agrura de suas vidas.
Buscaram força na fé em Deus e na compreensão, que nunca chegaremos a ter, de que um obra, por mais singela que seja, é uma obra. Que uma existência humilde e sem fama era tão gloriosa e fundamental aos olhos do Deus delas quanto qualquer outra forma de vida glamourosa e vistosa.
Esse valor não foi aprendido, posso perceber que existiu, podemos perceber mas não sabemos reproduzir mais essa forma de viver em nossas vidas e nem muito menos sabemos transmitir valores assim.
Em apenas 3 gerações tornamo-nos consideravelmente mais selvagens e frágeis.
Um beijo enorme nas avós que nunca puderam fazer nada na vida com um controle remoto... com elas foi no braço mesmo e Deus no coração.

Acabou... tchau vós.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O DOM

...Porque infelizmente tudo pode ser melhorado ou tudo pode ser piorado, constato eu... conversando com um amigo de longo tempo, que é um dos melhores atores que já conheci na vida, embora ele seja de verdade um funileiro de carros de passeio, mas que empresta um colorido maravilhoso a todas as histórias que conta, e vai construindo com palavras sacadas sei lá de onde, mas que avolumam o sentido do que é dito, não bastasse o tom que  empolga e prende o ouvinte, não bastasse as voltas que a história da para produzir o tempo de espera necessário para magnetizar e cativar por mais e mais tempo a atenção e esperar pelo, sempre, divertidíssimo desfecho ele ainda confere uma credibilidade a tudo que fala que é impossível duvidar de uma sílaba sequer. Ele sabe contar e colorir, mas fala de coisas quase sempre dramáticas. Mostra o lado mesquinho e destrutivo de pessoas muito próximas a mim, a nós... ele tem o dom... ele sabe reconhecer quem é que faz parte do grupo dos bandidos e quem é do grupo dos mocinhos.
E como disse, com palavras muito bem sacadas, ele constrói com cores e formas precisas aquelas imagens que eu penso conhecer, mas não sei definir com a perfeição que ele faz. Um papo que é uma cena, algo que poucos tem o privilégio de assistir e viver.

O CAPITÃO CRANE VIRA CANTOR.

Foi nos anos 60 que a série conquistou o público com as aventuras do submarino nuclear, mega moderno, que no princípio era usado em missões bem normais, tipo as de qualquer outro submarino de patrulha e pesquisa, mas depois, no segundo ano da série, começaram a aparecer ets, plantas inteligentes vindas de outros planetas que invadiam o submarino e matavam os tribulantes e coisas assustadoras assim... e tinha um interminável barulho do sonar em todas as cenas em que o submarino aparecia submerso... toimmm, toimmm, toimmm, toimmm... dava no saco.
Eu gostava muito do Capitão Crane que era interpretado pelo ator David Hedison ( quem ? )... pois é... ele mesmo, em carne e osso...
Mas um dia, não é que o Capitão Crane vem ao Brasil como cantor , já na pele de David Hedison, e se apresenta  no Teatro Record de São Paulo, e com transmissão ao vivo pelo canal 7... eu não acreditada naquilo, eu não podia acreditar que a pessoa pudesse existir fora do filme... e ele veio, cantou e eu assisti  pela tv e dormi na segunda música porque o cara era chato pra cacete, nem lembro que músicas cantava mas só podia ser  algo tipo Sinatra ou Tony Bennett... e isso matava qualquer criança de 6 anos de idade acostumada a no máximo ouvir Tonico e Tinoco e, pasmem, Chico Buarque de Holanda cantando A Banda ( nem sei se isso tudo era coisa do mesmo tempo, mas em minha cabeça parece que aconteceu tudo no mesmo dia )...
O fascínio de ver ao vivo um ator americano aqui no Brasil... meu dels ele existe, o Brasil existe, ele fala e ele canta e canta para fazer eu dormir...
Figura importante na formação de minha infância, sem dúvida... ele me mostrava que o mundo tinha um lado real, que as coisas se materializavam, que nem tudo sumia quando se desligava o botão da tv. Puta cara atencioso escolher para vir cantar mal logo aqui no Brasil... mas pô, o cara era meu ídolo e eu fiquei em falta com ele por ter dormido.
Ficam aqui minhas homenagens ao Capitão Crane...