PENSANDO

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MORDENDO OS PÉS DO TEMPO

Outro dia postei algo no Facebook sobre uma conversa com uma senhora muito humilde e muito falante que tem uma filha com um doença que eu não soube ao certo o que era e que me impressionaram muito, e quase me levaram às lágrimas, tanto a história quando a dignidade da mulher.
Depois andando meio puto e perturbado com o mundo que esta a minha volta e que não só a mim desagrada, mas a todos em maior ou menor grau e para o qual não tenho e não ouço nada que possa indicar que vamos em direção a uma melhora ou em direção a alguma mudança, caiu-me a ficha de que ando afastado de algumas coisas muito básicas... uma delas é a de conversar, melhor, a de ouvir pessoas muito humildes falarem de si. Nisso me passa um cidadão de um metro e meio de altura que de longe vinha de cabeça baixa e só muito próxima a mim ergueu levemente a cabeça para de uma forma muito tímida me dizer olá e seguir em frente. Senti naquela timidez uma força que respeito. Percebi que quando se esta puto e de saco cheio desta vida forçosamente material e rotineira, quando você já não suporta mais ouvir que existe um banco, um governo um serviço publico ineficiente um monte de abobrinhas, inclusive as minhas, ditas nas redes sociais como se fosse grandes verdades... que um oi de um humilde contem um universo de verdades que precisa ser respeitado.
O humilde não é fútil, ele expressa o universo de forma simplificada porque sua capacidade de ver o mundo é muito simplificada. Com isso é possível em uma conversa curta ouvir deles meia dúzia de frases perfeitas e completas sobre verdades que alguns pensadores passam um vida toda e não conseguem formular.
O humilde é o alvo da maldade do mundo, da arrogância daquele que se julga e acha melhor, e o humilde aparenta aceitar isso não porque se acha inferior, mas porque simplesmente entende a vida de forma melhor e mais completa que o fútil agressor.
Não me ligo em Chico Xavier, tenho minhas duvidas sobre ele, mas certa vez ele contou sobre um natal onde eles nada tinham para comer relativo à festa de Natal, então foram comemorar o natal num terreno, num campinho de futebol onde as pessoas cantaram, se abraçaram e choram de alegria. Não havia ali nada a se comemorar a não ser a vida,  a felicidade de estar vivo, foi um natal feliz, sem presentes sem comida de natal sem o falso espírito...
O humildes conseguem isso, eles mordem os pés do tempo, eles não pertencem a tempo algum, são universais, por não esperarem nada da vida a não ser estar vivos julgan-se já possuidores do principal e do essencial. Não buscam aquilo que torna aos outros infelizes. O tempo não lhes cobra nada, a vida é em todos os momentos, não sabem a diferença entre ter rugas e celulites ou não te-las. Tem a noção de que o tempo passa, mas não julgam que passa só para eles e acreditam na recompensa que vira, mas não correm morrer para alcança-la... apenas esperam vivendo e mordem os pés do tempo.

VOCÊ NÃO ESTA TRISTE, VOCÊ É TRISTE.

Estou triste... triste comigo!
Vou escrever com o fundo do coração.
Das coisas que não gostaria de ser na vida, sou grande parte delas... inútil lutar contra as forças do destino.
Não sou místico e não encontro conforto no misticismo, sou parcialmente budista, nem isso, gosto de algumas ideias do budismo, mas abomino os templos, as atitudes dos monges e a forma cega com que incorporam certas renúncias. Sobra pouco para me confortar.
Minha prima escreveu-me certa vez que ao perder boa parte de sua família na infancia dedicou sua vida a construir uma nova família onde pudesse ser feliz e distribuir a felicidade, ela conseguiu, tem bom coração e aceita bem as renuncias.
Eu em alguns momentos de minha histórinha de vida tenho arrebentado a família ao invéz de semear a serenidade dentro dela, isso sem vicios e sem leviandade, apenas não sabendo como fazer direito e não sei dar forma precisa à matéria prima bruta que tenho em mãos.
Mas honestamente não tenho o bom coração e a capacidade de renuncia que muitos que conheço tem. Olho-me e vejo que não sou o tipo de pessoa que consegue ficar no mesmo personagem por muito tempo, aborrece-me, estou sendo honesto... não se deve ser honesto! Bom pai teria que ser... mas falta-me base. Não tive um, não consigo aprender, não sei invejar o de outros para idealizar, só tenho a certeza de que há algo fora de controle.
Coisas muito boas acontecem em minha vida, uma coisa maravilhosa esta acontecendo hoje, e em seguida outras coisas que muitos invejariam vão acontecer... então, qual é a linha do horizonte? Não basta a felicidade momentânea?
Em alguns textos tento explicar, neste aqui tento confundir.
Embora eu não seja um artista, tenho uma alma de artista que gosta de estar melancólico, solitário e reflexivo... isso não me faz mal... sinto a vida plena em mim quando percebo que entrei neste recinto da vida. Dai busco nas coisas mais simples, mais sintéticas, mais essenciais a tratudação de algo que me possa inquietar e fazer salta fora deste ambiente com algo que possa ser mostrado e dito: - Olha o que consegui sacar da vida, compreendem?
Ora, tem uma carência oculta ai. Mas aquele ambiente silencioso e sombrio é de todo o meu agrado. Parar e contemplar de forma atemporal, sentir uma sensação estranha, um calafrio no estomago, como se algo tenta-se sair do chão ou do ar e entrar por ele dentro de mim. Árvores e bosques me fazem isso, aqui em meu bambuzal tem uma energia que me entristece. Há ali um vazio e quando chego não preencho, pelo contrario, sou tragado.
O elo que me conectaria ao meu pai foi rompido a dezenas de anos com sua morte, o elo que deveria me conectar à minha mãe, não entendo, não se materializa não importa o quanto de energia se coloque nele, o elo para o futuro que me conectaria com minha filha parece que se dissolve mais a cada dia não importa também quanto de energia se coloque nele.
Assim, sabe aquela liberdade que todos almejam, pois é, eu a tenho... e digo, fujam dela. Não é a ela que buscam... não existe a liberdade como vocês imaginam. Você não estará nunca livre das pessoas e de suas obrigações primárias.
Há um mundo imperfeito, bastante imperfeito, e nele tentamos colocar remendos e construir pontezinhas frágeis entre seus fragmentos confusos. Fazemos e faço isso com uma honestidade forte que sai mesmo do fundo do coração, mas colocar um vigor moldado no bom propósito para unir coisas duvidosamente construidas não produz conexões que nos satisfaçam.
Saudades de minha adolescencia e juventude, onde como hoje, tudo era possível.
Mas naquela época eu lia com  forte esperança e prazer Hermam  Hesse e  Gibran Kalil Gibran  ( entre outros ) e entendendo patavinas do conjunto, sacava aqui e ali uma frase que me fazia suspirar. Hoje entendo melhor o conjunto e ele já não me faz mais suspirar. Mas eu pensava que por sobre aquilo construiria uma estrada plana e suave, uma estrada que me levaria a um local de muita serenidade... estou neste lugar, acreditem e ele é triste. Ele ensinou-me e me persuadiu a ser desapegado de tudo, principalmente dos bens materiais, e sou. Mas quem esta a minha volta não é, então estou isolado de todos... sou exotico.
Não é queixa, não é pedido de ajuda, não é conselho é pura constatação apenas.