PENSANDO

PENSANDO

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

VOCÊ NÃO ESTA TRISTE, VOCÊ É TRISTE.

Estou triste... triste comigo!
Vou escrever com o fundo do coração.
Das coisas que não gostaria de ser na vida, sou grande parte delas... inútil lutar contra as forças do destino.
Não sou místico e não encontro conforto no misticismo, sou parcialmente budista, nem isso, gosto de algumas ideias do budismo, mas abomino os templos, as atitudes dos monges e a forma cega com que incorporam certas renúncias. Sobra pouco para me confortar.
Minha prima escreveu-me certa vez que ao perder boa parte de sua família na infancia dedicou sua vida a construir uma nova família onde pudesse ser feliz e distribuir a felicidade, ela conseguiu, tem bom coração e aceita bem as renuncias.
Eu em alguns momentos de minha histórinha de vida tenho arrebentado a família ao invéz de semear a serenidade dentro dela, isso sem vicios e sem leviandade, apenas não sabendo como fazer direito e não sei dar forma precisa à matéria prima bruta que tenho em mãos.
Mas honestamente não tenho o bom coração e a capacidade de renuncia que muitos que conheço tem. Olho-me e vejo que não sou o tipo de pessoa que consegue ficar no mesmo personagem por muito tempo, aborrece-me, estou sendo honesto... não se deve ser honesto! Bom pai teria que ser... mas falta-me base. Não tive um, não consigo aprender, não sei invejar o de outros para idealizar, só tenho a certeza de que há algo fora de controle.
Coisas muito boas acontecem em minha vida, uma coisa maravilhosa esta acontecendo hoje, e em seguida outras coisas que muitos invejariam vão acontecer... então, qual é a linha do horizonte? Não basta a felicidade momentânea?
Em alguns textos tento explicar, neste aqui tento confundir.
Embora eu não seja um artista, tenho uma alma de artista que gosta de estar melancólico, solitário e reflexivo... isso não me faz mal... sinto a vida plena em mim quando percebo que entrei neste recinto da vida. Dai busco nas coisas mais simples, mais sintéticas, mais essenciais a tratudação de algo que me possa inquietar e fazer salta fora deste ambiente com algo que possa ser mostrado e dito: - Olha o que consegui sacar da vida, compreendem?
Ora, tem uma carência oculta ai. Mas aquele ambiente silencioso e sombrio é de todo o meu agrado. Parar e contemplar de forma atemporal, sentir uma sensação estranha, um calafrio no estomago, como se algo tenta-se sair do chão ou do ar e entrar por ele dentro de mim. Árvores e bosques me fazem isso, aqui em meu bambuzal tem uma energia que me entristece. Há ali um vazio e quando chego não preencho, pelo contrario, sou tragado.
O elo que me conectaria ao meu pai foi rompido a dezenas de anos com sua morte, o elo que deveria me conectar à minha mãe, não entendo, não se materializa não importa o quanto de energia se coloque nele, o elo para o futuro que me conectaria com minha filha parece que se dissolve mais a cada dia não importa também quanto de energia se coloque nele.
Assim, sabe aquela liberdade que todos almejam, pois é, eu a tenho... e digo, fujam dela. Não é a ela que buscam... não existe a liberdade como vocês imaginam. Você não estará nunca livre das pessoas e de suas obrigações primárias.
Há um mundo imperfeito, bastante imperfeito, e nele tentamos colocar remendos e construir pontezinhas frágeis entre seus fragmentos confusos. Fazemos e faço isso com uma honestidade forte que sai mesmo do fundo do coração, mas colocar um vigor moldado no bom propósito para unir coisas duvidosamente construidas não produz conexões que nos satisfaçam.
Saudades de minha adolescencia e juventude, onde como hoje, tudo era possível.
Mas naquela época eu lia com  forte esperança e prazer Hermam  Hesse e  Gibran Kalil Gibran  ( entre outros ) e entendendo patavinas do conjunto, sacava aqui e ali uma frase que me fazia suspirar. Hoje entendo melhor o conjunto e ele já não me faz mais suspirar. Mas eu pensava que por sobre aquilo construiria uma estrada plana e suave, uma estrada que me levaria a um local de muita serenidade... estou neste lugar, acreditem e ele é triste. Ele ensinou-me e me persuadiu a ser desapegado de tudo, principalmente dos bens materiais, e sou. Mas quem esta a minha volta não é, então estou isolado de todos... sou exotico.
Não é queixa, não é pedido de ajuda, não é conselho é pura constatação apenas.

2 comentários:

Mary Joe disse...

Vitório, Schoppenhauer dizia:
Viver é sofrer.

Naõ sou do tipo que pensa assim sempre, mas ultimamente ando numa fase in bloom. Então, li e senti com intensidade toda a sua emoção. Comungo com vc.
Beijo
Mary Joe

Arquimedes disse...

Bem legal, primo. Tem um toque pisciano no seu parecer. Estamos no mundo, mas parece que não pertencemos a ele. O tempo passa rápido e estamos sempre buscando sentido para as coisas. Nem sempre encontramos. Fico com o Renato Teixeira, que afirma que "penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente". A compreensão da marcha chega com o tempo...para alguns, nunca chegará.