PENSANDO

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quinta-feira, 16 de junho de 2011

NUDEZ, CORRETA.


Vimos ontem Amor e outras drogas. Adorei.
Não porque a Anne Hathaway aparece nua o tempo todo mas porque ela aparece corajosamente nua, embora não precise, o tempo todo.
Ela começou sua carreira em papeis de princezinha da Disney e eu achei que ela deu um tremendo salto neste filme, embora já tenha simpatizado muito com ela em o Diabo veste Prada.
Mas o ponto aqui é a coragem de fazer o papel que ela fez, nua em pelo quase o tempo todo sem que esteja fazendo sexo, embora faça em duas cenas, mas nos demais momentos o filme não precisaria dela nua, mas é interessante ver que a nudez na intimidade ou em algumas situações engraçadas dá formato e moldura ao filme.
Admiro quem consegue isso, não sexualizar a nudez, fazê-la apenas como linguagem artística. temos nela apenas a beleza do corpo, que alias não é nada de estrondoso, ela é apenas uma garota normal, em boa forma em seus quase 29 anos.
O filme acaba sendo uma obra dentro de outra, conta a história de uma garota de 25 anos com uma doença de idoso adquirida precocemente, seu modo meio solidário e angustiado de enfrentar sua vida e seu desencanamento com o mesmo corpo doente.
O filme é um soprinho de liberdade e uma liçãozinha oportuna de vida.
Uma gracinha.
Só para as mulheres: tem um garoto pelado também o tempo todo, mas este eu nem percebi direito.
Curiosidade: Anne Hathaway era o nome da mulher de Willian Shakespeare, e em sua homenagem os pais batizaram a atriz acima.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A MOÇA QUE CORRE





Sempre encontrava com uma moça que corria em horário variados nas estradas que serpenteiam a zona rural onde moro. Algumas vezes nas estradas de terra outras na pista principal, estreita e perigosa. Muitas vezes ela passava diante de minha casa enquanto eu trabalhava na cerca ou lidando com a grama ou o mato. Anos seguidos, ela de cabeça sempre baixa, séria e ritmada, nunca nenhum cumprimento.
Por estes dias fui a Lan House aqui da vila, por sinal muito bem organizada e no meio da floresta, e percebi que conhecia a moça do balcão, quando fui pagar minha conta perguntei se ela era a moça que corria, e a resposta foi afirmativa. Para atrás de um balcão fica difícil reconhecê-la. Fiz algumas perguntas sobre o habito dela de correr e ela respondia tudo com muitos detalhes e satisfação. Pois a moça, para minha completa surpresa, participa todos os finais de semana de alguma prova de corrida de até 25 kms, raramente não sobe ao pódio, na maior parte das vezes é no mínimo 3ª colocada mas é mais comum vê-la no primeiro lugar.
Não são provinhas, são provas importantes por todo o estado de São Paulo, Minas, Paraná e Rio de Janeiro. A Federação Paulista escolhe qual prova ela vai fazer e ela na maior parte das vezes nem sabe para onde vai viajar. Mostrou-me uma série de fotos suas no alto do pódio, mas não mantém nenhum blog, site ou qualquer outra forma organizada de historiografia de sua gloriosa carreira, perguntei por que não faz, e ela simplesmente respondeu que não.
Ela é daqui, e aqui é uma ilustre desconhecida e também não conhece muita gente.
Falou-me de uma prova realizada em plena Serra do Mar em Paranapiacaba – Santo André, morro acima e morro abaixo em trilhas estreitas, cheias de galhos, pedras lisas que conheço muito bem, e mais prova difícil realizada em duas horas e meia a noite, meu pai do céu. Ela venceu.
Impressiona-me a região em que vivo, a alguns anos bem próximo da Lan House da corredora eu fui conhecer uma maquete de ferreomodelismo com uns 30 metros quadrados, um verdadeiro primor de um certo senhor Helmut – alemão – que os vizinhos chamam de Raimundo. Montanhas feitas de cimento absolutamente realistas, dioramas em réplica de localidades que o Sr. Helmut havia estado com sua esposa, uma pequena maravilha oculta na mata, melhor que muitas, alias, que a maioria que já vi em uma revista americana que vez por outra compro chamada Model Raylroad que é uma bíblia do hobby de trenzinhos elétricos.
Na verdade aqui é um lugar onde somente três tipos de pessoas vivem: os excêntricos como eu e meus amigos, os bravos e corajosos e os funkeiros,pagodeiros e pancadeiros para nosso desgosto.

COVARDIA X CARATER


Uma jovem de 30 anos que se apaixona por um homem 33 anos mais velho tem contas a prestar, se for seu chefe que a promove em seguida tem mais contas a prestar ainda; se o cara for um jornalista bem sucedido profissional e financeiramente o abismo negro esta formado. Mas um dia ela se cansa do cara e lhe dá um pé na bunda, larga o cara é demitida e leva dois tiros nas costas e vira vítima com toda a justiça (é feio matar pelas costas). O caráter do cara é rasteiro, machista e manipulador(verme no lugar certo, influenciando leitores de um dos maiores jornais do Brasil, pobre Brasil).
A história já seria um completo lixão não fossem dois outros elementos: uma justiça morosa e ridícula e um pai covarde e oportunista. O lixão vira então um aterro sanitário prestes a desmoronar.
Boas piadas. Para quem assiste ao excelente Furo MTV(Canal 32 de SP), jornal diário da MTV com a Dani Calabresa e o Bento Ribeiro onde noticias reais e sérias são interpretadas por dois calhordas; primeira boa piada: no dia em que Pimenta Neves foi preso... população diante da delegacia, onde Pimenta Neves estava preso, brandia: -assassino, assassino... policia atacou multidão (coisa comum na policia ditadora de São Paulo) com spray de pimenta neves, mas não deu certo porque o efeito só acontece 11 anos depois( se você não entendeu a piada, lamento), pimenta neves então percebeu que pimenta no cú dos outros é refresco. Segunda ótima piada: depois de uma noite na delegacia Pimenta Neves reclamou da cela, da comida, de tudo, comentário do apresentador Bento Ribeiro: -Imaginem quando comerem a bunda dele no presídio...
O CRIME: Nada tenho a comentar, trata-se de uma atitude covarde diante de uma situação promíscua, e eu nem sou moralista.
O Pai da moça: Onze anos depois aparece na mídia (na verdade apareceu o tempo todo) com cara de sofrimento como se estivesse falando durante o velório da filha. É justo pais sofrerem pela morte de uma filha, assassinato covarde, onze anos impune( já dá pra entender a piada agora). Mas o cidadão não sai do clima de velório, como se estivesse prestes a enterrar a filha onze anos depois do fato. Lamento escrever isto, mas se o cidadão tivesse caráter não colocaria como pano de frente seu sofrimento e sim o sentido de justiça, seria invisível e trataria apenas de justiça.
Qual é o sentido de justiça?
Se alguém fizesse igual com minha filha eu diria em minha primeira entrevista na mídia, fosse qual fosse:- Vou matar este filho da puta que interrompeu a vida de minha filha ou pagar para que façam.
Não diria: - Sofrerei por isso, penarei na cadeia por 30 anos ou fugirei a vida toda disso.
Mato o canalha e me foderei, mas o me foderei nada tem a ver com isso. Meu caráter diz que primeiro eu faço justiça, a justiça bíblica, amurábica do olho por olho, dente por dente, extermino o pulha, tiro dele a continuidade da vida, embora isso não aplaque meu ódio, nem recomponha a justiça, já que ele viveu 33 anos mais que minha filha, angariou e viveu mais que ela e seu futuro de infortúnios é incerto, pode ser que ele ainda se dê muito bem.
Aquele pai fragilizado, preso eternamente ao clima intro velório é um bosta, um fraco, um coitado doente que usa, puxa para si todas as atenções e pouco liga para a filha, tira dela todo o proveito, suga sua tragédia e se torna tão fraco e covarde quanto o próprio assassino.
Se onze anos não forram o suficiente pra ele cauterizar suas cicatrizes nem a eternidade o será.
Somos um povo assim feito de covardes.
O certo seria o pai irromper na delegacia armado de um pau que fosse e matar o canalha, tentar matar o canalha, cuspir no canalha que fosse, chingar o canalha, no mínimo não parecer um canalha, isso já lhe conferiria a dignidade e o respeito.
Por fim me parece que tanto o assassino, o vitima e o pai são na verdade um mesmo ser, um mesmo caráter, uma mesma covardia diante da vida.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

LAÇOS



Vimos o filme A TROCA dirigido pelo Clint Eastwood, com Angelina Jolie e John Malkovich. Muito bom, como tudo que o Clint dirige; relembre Sobre meninos e lobos, Meninos não choram e Menina de ouro, só agora escrevendo isto me dei conta da recorrência da palavra menino(a), e sobre o tema, pois A Troca trata da história de um menino que desaparece numa ação criminosa.
Clint tem a grande habilidade de contar histórias pessoais dramáticas. Ele sabe mostrar com clareza qual o sentimento principal que esta envolvido e movimentando a trama, e quais os sentimentos secundários que em seu respectivo momento afloram na trama prá fazer-nos lembrar que tal sentimento existe e que o termo é amplo, cheio de caminhos possíveis e que grosso modo todos vivemos ou viveremos, quase todos eles em intensidades diferenciadas em algum momento de nossas vidas.
Saber contar uma história é algo raro, tudo caminha de forma a parecer tão somente o relato real de um momento em que a policia de Los Angeles era absolutamente incompetente e corrupta, que uma criança some e outra é devolvida em seu lugar e a mãe é obrigada pela policia a aceitar a postiça como sendo sua. Mas lá pelas tantas o filme mostra uma violência muito bruta, crianças mortas a machadadas e assassinos com cara de vitima.
Meio lugar comum o final ao recolocar as coisas em seus devidos lugares pelas mão da justiça só atingida pela perseverança de um pastor obstinado e forte, mas o filme relata uma história real e o final não poderia ser escolhido, apenas contado.
Um grande filme, como tantos outros do Clint, um ator tremendamente canastrão no belo filme do Sergio Leone, O feio, o bruto e o bom do qual vi caquinhos esta semana; quem diria que aquele ator de quinta ou sétima categoria se tornaria um dos melhores diretores de todos os tempos.
Vamos ao laço.
Mães não suportam a perda dos filhos (Dhãããã, descobri a América). Não importa o tipo de perda, por separação física temporária, por perda de controle, para a nora ou genro, se ficante – para aquele moça, biscate que não vale nada e que vai tirar tudo dele ou, para uma deficiência ou morte.
São capazes de coisas impossíveis para mantê-los vivos e próximos. Mas por que?
Por que uma pessoa se apega a outra de forma tão forte, com opção até de perder a vida pela outra?
Resposta: Por covardia e para validar sua própria existência ou seja: por egoísmo (pausa para desviar das pedradas-que atrevimento).
Justificativas: Estou lendo um livro sobre psicanálise e nalgumas passagens discordo, em outras me vejo e em muitas me espanto, choco e derrubo-me na real. A gravidez e a maternidade alienam a mãe, coberta de glórias, numa única razão de existir, a saber: cuidar do bebê. A mulher nesta fase não precisa viver para o mundo, pode viver para si e para seu bebê, e quanto mais intensamente fizer isto, mas elogios e admiração terá. Portanto é uma fuga de tudo, inclusive de enfrentar a própria vida, é talvez, a única oportunidade que um ser tem de tirar férias de todas as suas obrigações, problemas e relações afetivas (mas que cara invejoso esse Vitorio). Nessa postura de avestruz a mãe acovarda-se diante da vida e enfia sua cabeça na vida e na proteção de seu precioso bebê. Mas se o bebê se torna uma criança crescida, um adolescente e depois um jovem apto a formar sua própria família, fica a mãe em má situação, a de ter que enfrentar a vida com todas as suas agruras, mesmo que em alguns casos –muito específicos – lhe falte coragem. Seria então na verdade o amor materno pura covardia em: enfrentar a vida, participar da vida sexual com o marido - descartado após a fecundação e lembrado apenas na hora de matar baratas, pagar as contas e trocar o gás (mas que coisa de machão-porco chauvinista, -Vitorio, você esta passando dos limites menino.) –
cuidar de uma carreira e dar ordem ao caos familiar.
Sei não, mas ta me parecendo que sim. Que a maternidade é na verdade uma zona de conforto onde a mãe esta mais empenhada em obstruir a rotas de fuga dos filhos em proveito próprio que em demonstrar o amor incondicional.
Descobri o significado do termo amor incondicional apenas depois de ter sido pai, por isso não concordo muito com o que li e relatei acima, tem umas camadas a mais de sentimento nisso tudo que não seria possível esgotar num texto como este.
Mas no filme, a mãe solitária luta para reaver a cria, para derramar sobre ele amor, proteção, significados para que cresça, faça história e retorne um dia em forma de gratidão.
Não cheguei ainda a partes do livro que certamente esquartejarão também esta parte da maternidade.
Mas a psicanálise põe luz em algumas coisas muito delicadas, com faz o Clint. Tremei.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

RAPIDAS


Primeira - Vi o filme Incêndios, concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Assisti pela segunda vez e consegui dormir na mesma cena as duas vezes, sou bastante regular em certos assuntos.
Mas o filme é muito bom, bem realizado e chocante.
Nossa versão é a genérica, ou como direi... comprada na banquinha na frente do cinema.
No cinema nossos amigos tentaram assistir por duas vezes mas o transito carregado da tarde, durante a semana, fez perder o horário e a catraca do cinema é implacável, ninguém entra depois que a luz apaga, e o filme só passa uma vez por dia e sempre num horário cruel. Optaram então por comprar uma copiam do filme na porta do cinema por R$ 10,00, algo muito caro para nossos padrões onde pagamos 4 por R$ 10,00.

Segunda – Li que: todos desejamos a morte de alguém.
Se eu não achasse isso verdadeiro não estaria escrevendo aqui, mesmo correndo o risco de me enquadrar em apologia ao crime.
Mas ultimamente tenho mesmo achado que algumas pessoas vieram ao mundo unicamente para fazer o mau, e prá elas não tenho encontrado outro remédio. Tolerar é uma grande virtude, acho que preciso praticar.

Terceira – Não quer dizer que a pessoa também não possa estar desejando sua própria morte. Suicidas sempre tiram os óculos antes de morrer, eu uso óculos, será que tenho mais propensão ao desfecho espalhafatoso???? Suicidas sempre deixam bilhetes culpando alguém... bem, deixa eu escolher uma vítima prá sacanear. Conheço varias pessoas cujos parentes se suicidaram e acho que este assunto não é para brincadeiras.
Mas o caso mais chocante que já vi foi o do pai que impedido
de ficar com as filhas ou de vê-las, após sua separação, matou-as e depois suicidou-se. Acho que aconteceu aqui em São Paulo, não tenho certeza, nunca mais esqueci disso.
Mas o que quero realmente falar é sobre suicidou-se, existe outra forma de escrever isto? Alguém suicida a outra pessoa?
Alguém ai mais letrado pode me dar uma ajuda (não precisa ser do CVV).

Quarta – Quando comecei a escrever este blog a algum tempo, numa das primeiras postagens tive umas rusgas com uma amiga sobre a Madonna, comprei um DVD de um show meio antigo da Madonna e é absoluto como ela nasceu para o palco. Na época não falamos sobre a qualidade artística mas sim sobre a vitalidade e a amiga deu uma cutucada em minha idade, na época uns 50 anos. Nunca neguei e hoje confirmo a vózinha Madonna bate um bolão e sempre bateu, ela é a Dercy Gonçalves deles, vai chegar fácil aos 100 anos, alias um amigo nosso que conheceu a Dercy pessoalmente numa festa disse que ela foi a coisa mais horrível que ele já viu na vida. Verdade.

Por fim, estamos no outono, época de mudanças para uma fase de mais seriedade. O inverno tem que ser enfrentado com responsabilidade, planejamento e trabalho duro. O inverno é todo prevenção e o trabalho começa no outono.