PENSANDO

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sábado, 2 de novembro de 2013

O ADEUS ALHEIO...

Ainda em clima de finados e despedidas... veio-me à lembrança a história do sujeito que de solitário, ao viajar, não tendo a quem dar adeus, deu adeus a quem acenava do balcão da estação de embarque acenando para outras pessoas... surrupiou um adeus alheio.
Isso porque ontem na novela o tal Dr. Herbert, depois de se meter numa situação confusa e desagradabilíssima saiu tonto pelas ruas sem ter com quem desabafar...

Deu na casa de uma ex caso que o acolheu e tentou ouvi-lo... mas o moço só queria chorar e queria que alguém o visse chorando... não teve coragem de enfrentar sozinho a merda que fez a muitos anos atrás e que por puro azar lhe vem cair a cobrança nas fuças muitos anos depois... vai ter azar assim lá na novela.

Mas gostei da cena, gostei da trama, gostei da ideia porque já vi algo parecido, já vi durões desabarem por coisas banais, e essa história de homem não chorar é foda mesmo...

Mas foi bem colocado o enfoque no "precisar de ser visto chorando por alguém".
Chorar sozinho é como não chorar... o choro precisa de público para produzir efeito, tanto no chorão como no público...

Aquele desmaio emocional também não funciona se você estiver sozinho, alias é ridículo para cacete alguém ter um transtorno emocional e desmaiar sem testemunha... não acho que exista nada mais ridículo que ter que acordar sozinho depois de um desmaio, abrir um olho, perguntar: - Onde estou? e não ter viva alma para responder, ... depois perguntar: - Quem sou eu? e ter que apalpar a calça para achar a carteira, sacar dela a Carteira de Identidade e descobrir quem é.... é ridículo demais da conta...

Por isso Herbert teve que procurar alguém, inicialmente para conversar, mas depois converteu a necessidade em apenas ter que ser visto chorando para provar que sofre, que tem sentimentos, alma e consciência de que algo de errado aconteceu e portanto foi feito... com isso, pensa, purgou o erro, não há nada mais cafajeste que isso, chorar ao invés de enfrentar de peito.

Chegar a um ponto na vida onde não se tem nem um cachorro para ouvir a pessoa é fodissimo... nesses casos recomendo o suicídio discreto, aquele em que o corpo é encontrado 11 dias depois, quando o cheiro passa a incomodar os vizinhos do condomínio, nada de saltar da ponte estaiada em pleno rush na pista central da Marginal Pinheiros, isso é muito feio e não deve ser feito.

Dr. Herbert tinha começado a resolver sua vida, solteirão aos 50 anos sem ter descoberto/assumido sua homossexualidade  resolveu casar para manter-se covarde diante da hipótese de sair do armário... mas escolhe a moça errada, puro azar, é que em novela o número de personagens é pequeno e sempre se corre o risco de pedir a filha ou a irmã em casamento... e no caso da dita novela, já tem viado demais e não teria como converter a solteirisse do Dr. em bichisse... mais um pouco e vão ter que trocar o nome da novela para "Amor à biba".

Chorou, chorou baixinho para ninguém ouvir, chorou largado, chorou abraçado forte para a amiga não ver sua cara, minimizou o sofre, umedeceu a camisola da amiga e pegou no sono como fazem os bebês que depois de tanto chorar, cansam e dormem... 

Durões são bebês, frágeis e inconsequentes, prontos para despertar e fazer uma nova cagada maior ainda. 

Agora vamos dar tchauzinho aos alheios.





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