Percebe o valor do texto e se emociona com isso, vê que aquilo dá uma encenação, que tocará o coração das pessoas. Que magnifica ideia, tão completa, tão atual, alguém ira mudar algo em sua vida quando ver esta ideia num palco. Estuda o texto, decora, marca, ensaia a voz, o ar o tempo, o tempo em que deve haver apenas o silêncio, momento em que todos deverão apenas refletir sobre o que foi ouvido, algum filho da puta ira tossir, uma cadeira ira ranger... não importa o silêncio entre as frases ira fazer crescer a importância e criar no público a suspensão da respiração. Pânico, a próxima frase não vem, terá o ator esquecido o texto?
Pensa e desenha os figurinos, projeta os cenários, define as luzes e escolhe as músicas.
Varre o palco, faz alongamento respira a eterna poeira em suspensão.
Ensaia, costura, serra madeira e pinta lona, desenha cartaz, manda prá grafica, pede desconto encurta o prazo. Some da praça. ninguém mais te acha. Entrevado, ensaiando, buscando o personagem, acha, não, não é isso, acha outro este pode ser... é este, achei este é o tom, o ar, a cara ensaia a maquiagem, se emociona com a trilha sonora, que puta trilha sonora, nunca se ouviu nada assim antes nos palcos, isso vai fazer todo mundo chorar. Monta o cenário, afina as luzes, acaba os figurinos, consegue emprestado os últimos objetos para compor o cenário, cuidado heim, quero de volta não vá quebrar, não deixe que roubem, era de minha avó... O cartaz saiu errado, puta que o pariu essas gráficas cobram caro e não acertam nunca, agora foda-se... ensaio final, tá uma bosta, ralentado, tem cena fora de ordem, tira esta estica a outra, não cortem aquela minha fala, eu só tinha ela... alguém esquece o texto, a luz estoura e o cenário esta capenga, mais cor, mais cor, menos agora, no ponto. tá fora da luz, a musica entra agora, não esta, certo esta agora. Convida todo mundo, dor de barriga, tudo pronto, cheguem 5 horas antes, não melhor chegar 6 horas antes, não dá mais tempo para nada, agora é tudo ou nada... corre para o banheiro, cade minha sombra, não esquece a flor, cacete esqueci de trazer a flor, corre arranja flor.Primeiro sinal, segundo sinal, merda prá você, abre a cortina, a luz vem fininha crescendo, a música vem subindo, uma leve tremedeira nos joelhos, olha direito, não acredita, olha novamente, ninguém na plateia.
Cadê o público.
Chove muito, muito, chove de balde, ninguém quis sair de casa.
Hoje não vai haver espetáculo.
PS.: No teatro, antes de entrar em cena, costuma-se dizer uns aos outros: - Merda prá você!
Este habito vem do tempo em que o público ia ao teatro de carruagem e a rua em frente ao teatro ficava cheia de bosta de cavalo quando a peça era um sucesso.
Pensa e desenha os figurinos, projeta os cenários, define as luzes e escolhe as músicas.
Varre o palco, faz alongamento respira a eterna poeira em suspensão.
Ensaia, costura, serra madeira e pinta lona, desenha cartaz, manda prá grafica, pede desconto encurta o prazo. Some da praça. ninguém mais te acha. Entrevado, ensaiando, buscando o personagem, acha, não, não é isso, acha outro este pode ser... é este, achei este é o tom, o ar, a cara ensaia a maquiagem, se emociona com a trilha sonora, que puta trilha sonora, nunca se ouviu nada assim antes nos palcos, isso vai fazer todo mundo chorar. Monta o cenário, afina as luzes, acaba os figurinos, consegue emprestado os últimos objetos para compor o cenário, cuidado heim, quero de volta não vá quebrar, não deixe que roubem, era de minha avó... O cartaz saiu errado, puta que o pariu essas gráficas cobram caro e não acertam nunca, agora foda-se... ensaio final, tá uma bosta, ralentado, tem cena fora de ordem, tira esta estica a outra, não cortem aquela minha fala, eu só tinha ela... alguém esquece o texto, a luz estoura e o cenário esta capenga, mais cor, mais cor, menos agora, no ponto. tá fora da luz, a musica entra agora, não esta, certo esta agora. Convida todo mundo, dor de barriga, tudo pronto, cheguem 5 horas antes, não melhor chegar 6 horas antes, não dá mais tempo para nada, agora é tudo ou nada... corre para o banheiro, cade minha sombra, não esquece a flor, cacete esqueci de trazer a flor, corre arranja flor.Primeiro sinal, segundo sinal, merda prá você, abre a cortina, a luz vem fininha crescendo, a música vem subindo, uma leve tremedeira nos joelhos, olha direito, não acredita, olha novamente, ninguém na plateia.
Cadê o público.
Chove muito, muito, chove de balde, ninguém quis sair de casa.
Hoje não vai haver espetáculo.
PS.: No teatro, antes de entrar em cena, costuma-se dizer uns aos outros: - Merda prá você!
Este habito vem do tempo em que o público ia ao teatro de carruagem e a rua em frente ao teatro ficava cheia de bosta de cavalo quando a peça era um sucesso.
Um comentário:
Vitorio, esse costuma ser o pavor secreto da maioria. Meu inclusive. Minha irmã quando menina teve um aniversario em que naõ foi ninguém, por ser uma noite chuvosa. Cada vez que promovo algo, só fico tranquila quando vejo as pessoas chegando. É sempre um alivio ver que dará quorum...
Pobre artista... definitivamente passar por isso não é fácil.
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