PENSANDO

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sábado, 5 de fevereiro de 2011

EITA CAFÉZINHO BÃO


Eitá cafezinho bão.

Durante algum tempo em minha infância trabalhei com meu pai sempre em coisas ligadas a construção civil.
Ontem tive a oportunidade de passar diante de um prédio no centro de Santo André onde ele montou armários embutidos em todos os apartamentos. O prédio em fase de acabamento tinha dois elevadores precários sem portas, imundos e onde era preciso ficar apertando o botão de cima dentro dele para ele se movimentar para cima e obviamente o de baixo para fazê-lo descer. Não é um prédinho não, tem uns 20 andares, em minha memória vive o número 22.
Olhávamos para o poço do elevador e víamos se estava acima ou abaixo da gente então tínhamos que subir ou descer pelas escadas até chegar a ele e levá-lo então para o nível que se queria.
No térreo lotávamos o coitado com o máximo de madeira e peças de armário que era possível colocar em volume e ignorávamos o peso. Nunca passou pela cabeça de ninguém que aquilo podia cair. Íamos eu e meu irmão, eu com 7 anos e meu irmão com algo entre 8 ou 9 anos conforme a época, mas o maios provável é que eram 8 anos pois era inverno e durante o inverno temos apenas um ano de diferença na idade.
Eu nunca que deixaria uma criança de 7 anos chegar perto de um poço de elevador sem portas em nenhum andar para ver se o elevador esta acima ou abaixo. O mundo mudou, agir assim levaria hoje meu pai para a cadeia. Mas na época bastava fazer e se orgulhar da aplicação com que os meninos lançavam ao trabalho pesado.
Subimos um dia ao topo do mundo, não só no terraço do prédio mas subimos sobre o que seria a casa do zelador e depois por uma escada externa ao topo da caixa d’água. Fazia um frio dos diabos, era um sábado e de lá se via a linha do trem que passa no centro de Santo André e também boa parte do universo conhecido.
A recompensa era um chocolate quente no final do expediente que até hoje não encontrei igual ou que superasse aquele fantástico sabor. Acho que é porque era servido naqueles copinhos de fundo grosso onde se servia tanto o chocolate como o café como a pinga.
Vai ver que o restinho da marvada que ficava no copo sujo é que dava o sabor especial, ou a própria sujeira do copo – vale destacar que em 53 anos nunca fiquei doente, raramente tomei remédio e sempre que tomei foi no máximo uma aspirina ou Sonrisal, só tenho problemas na coluna, mas que nada tem a ver com a sujeira dos copos onde bebi.
Eu adorava aqueles dias, aquele inverno, aquela inconseqüente aventura e aquele chocolate.
Havia ainda umas lascas de carne seca fritas numa chapa de ferro imunda com uma pimenta ardida prá cacete que eram fantásticas.
Ontem constatei que o bar não esta mais lá, hoje é uma loja nem sei de quê. Mas a rua, apesar de central até que é bem tranqüila e na semana passada sofreu uma inundação de mais de dois metros de altura. Destruiu um sebo que dizem era maravilhoso e quase vitimou seus donos bem como muitas outras pessoas surpreendidas pela rapidez das águas. Mundo muito perigoso este o nosso. Muda a cara do perigo mas ele habita sempre a mesma redondeza.

Ps.: Dia destes tomei um café expresso no Shopping Anália Franco na Zona Leste de São Paulo pela bagatela de R$ 4,20 numa xícara aparentemente menor que o normal, mas foi impressão minha motivada pela chocante relação custo x benefício – vale lembrar que a zona leste é a região pobre de São Paulo, mas vem desenvolvendo redutos de riqueza (devem ser os jogadores do Corinthians que moram por lá – já que o Parque São Jorge fica ali perto e a abertura da Copa do Mundo vai ser lá) e o Shopping é tão luxuoso quanto os mais luxuosos de São Paulo. Como era um café aromatizado denominado creme Islandês que eu e a Regina sempre gostamos de tomar, resolvi perguntar o preço do quilo, talvez pudesse levar para fazer em casa, resposta R$ 55,00 – de qualquer forma o preço é o mesmo que eu encontrei dois anos atrás em Embu-das-Artes, pelo menos a infração tá sob controle na classe A+.
Ps do ps.: Normalmente em casa tomamos o 3 Corações a uns R$ 12 paus o quilo.

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