PENSANDO
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
DE RÉ A TODA VELOCIDADE
“ Em todo o mundo, existe um enorme número de pessoas inteligentes e até talentosas que nutrem uma paixão pela ciência. Mas essa paixão não é correspondida. Os levantamentos sugerem que 95% dos norte-americanos são cientificamente analfabetos. A porcentagem é exatamente igual à de afro-americanos, quase todos escravos, que eram analfabetos pouco antes da Guerra Civil ( americana ) – quando havia penalidades severas para quem ensinasse um escravo a ler. è claro que existe um grau de arbitrariedade em qualquer determinação de analfabetismo, quer ele se aplique a língua, quer à ciência. Mas qualquer índice de analfabetismo próximo de 95% é grave.
Toda geração se preocupa com o declínio dos padrões educacionais. Um dos ensaios curtos mais antigos, escrito na Suméria há 4 mil anos, lamenta que jovens sejam desastrosamente mais ignorantes do que a geração imediatamente anterior...” Carl Sagan no livro O mundo assombrado pelos demônios – Cia das Letras – 1 impressão 1997 - pg 20.
Eu já sabia, sentia isso e achava que o problema era só meu.
Achava que eu é que era crítico demais e que estava percebendo o mundo e a sociedade de forma equivocada. Mas é indiscutível que caminhamos em direção a um gran finale de burrice coletiva.
O pior aspecto a meu ver é o fato de que quem como eu se interessa por compreender o mundo pela via da cultura alicerçada em evidências irrefutáveis acaba desanimando de si e do mundo.
Não é fácil lutar contra uma esmagadora maioria. Não é fácil defender uma idéia e vê-la tratada como piada pela massa inculta.
Caminhar neste vazio absoluto que esta se formando é muito triste, vejo pelas pessoas conhecidas que hoje estão cursando ou já cursaram uma faculdade e, no entanto nada trouxeram de lá a não ser o diploma. Seguem sendo as mesmas pessoas simplórias em seu saber só que agora com título acadêmico.
Li uma biografia do John Lennon, nas últimas paginas fui a locadora e peguei também um filme que mostra brevemente o perfil do assassino do ex-Beatle, como o assassino havia lido e se influenciado pelo livro O apanhador no campo de centeio de J.D.Salinger fui ao porão localizei o livro e o estou lendo, ouvi as músicas citadas na biografia, procurei traduzir algumas letras frente as novas informações que tenho agora, vasculhei em pelo menos 4 dicionários de inglês em busca da tradução mais correta e com isso fui remetido a uma série de novas palavras e suas traduções, enfim, não li para dizer que li, li para entender, para me tornar culto no assunto para poder conversar com minha amiga Jackie que nasceu em Londres e é filha de escoceses e que já esteve em Liverpool e andou por onde os Beatles andaram. E conversei para aperfeiçoar, para me aparelhar, para filtrar e ter uma verdade, uma percepção real.
Poderia estar apenas vendo o Totó e a Clara repugnantes e inúteis se encontrarem e desencontrarem enquanto o Fred tenta falir a metalúrgica, mas preferi pular fora dos 95%, preferi ser um dos poucos que tentam dar a nossa geração um acréscimo em relação a geração que nos antecedeu.
Agora basta, deixa eu ir ver o último capítulo de Passione.
PS.: Felizmente entre meus amigos há quase uma unanimidade de opinião a respeito do autor Silvio de Abreu. Ele deita e rola na fama angariada em trabalhos passados, mas na atualidade é um autor ruim prá burro, sempre matando alguém ou matando em série e embromando o público até o último capítulo para revelar quem foi o assassino, como se fosse importante saber quem foi que matou. Na verdade tanto faz como tanto fez, assim como as soluções bígamas que ele sempre encontra para seus personagens que incapazes de viver a experiência e os riscos de uma escolha sempre caem na solução cômoda do triangulo. Ele é fraco e enfraquece o gosto e a opinião do publico, ele é rico, muito rico, mas poderia ser qualquer um outro no lugar dele e tudo seria rigorosa e absolutamente igual.
NAVALHA NA CARNE
Minha língua virou uma navalha. Já não era de levar desaforos para casa, mas por alguma razão que não consigo demarcar com muita precisão, e incomodado por uma determinada conjuntura recente e pressionado pelos meus quase 53 anos passei a dizer na lata.
Eu sempre disse na lata, mas antes eu poupava algumas pessoas em algumas situações, agora não, agora ponho tudo a perder na mesma hora em que as palavras me entram pelos ouvidos.
Sou bem surdo, eu sempre fui surdo, mas ultimamente tenho notado uma acentuada perda de audição, mas mesmo assim do pouco que ouço, quando o conteúdo tem algo que é captado como impropriedade, me dá um curto-circuito e minha feição se transforma, eu escolho as palavras certas, mais certas para ser o mais preciso possível na crueza e perfeição no ataque.
No domingo a noite interrompi a fala de um amigo para com feição mudada lhe dizer que ele levianamente torcia o que dizia para atingir o meu lado pessoal, ao invés de meus argumentos. Ele replicou que eu havia atacado primeiro o lado pessoal dele, e eu o chamei de leviano novamente por tentar confundir avaliando de forma igual graus absolutamente diversos de colocação.
Enfim bateu levou, não bateu leva também, e se não levou ainda não vai demorar a hora de levar.
Estou belicoso.
PS.: Eu gostaria de ser um cara suave, tento às vezes. Mas se um dia assim me transformasse eu não seria mais eu.
O LIVRO DE MÁRMORE
Vi a muitos anos, e não lembro onde, uma escultura de um livro em mármore branca. Era lindo, pude passar a mão e sentir a maciez. No ano passado vi uma obra de uma amiga que tinha uma fração de uma lista telefônica tratada com gesso e que me trouxe lá do fundo da memória o tal livro de mármore. Tenho muitos livros e alguns até encapados com papel marmorizado, mas nenhum de mármore. Já me ocorrera fazer um trabalho inserindo um livro na obra, e então no finalzinho do ano fui a luta. Escolhi um livro que não li e não leria, com a dimensão ideal, furei com um furadeira e broca e em seguida parafusei-o na chapa que serve de fundo ao trabalho, fiz um tratamento para as paginas manterem uma determinada forma (que pode ser vista nas fotos acima) e pintei um fundo. Ficou um horror, parecia algo meio com cara de bíblia sobre um céu apocalíptico. Com uma cara toda evangélica a obra foi colocada para secar num cômodo que mantenho especialmente para isso.
Fui a São Paulo – embora eu more na cidade de São Paulo, como é de costume em todos os lugares do mundo fui a cidade – e busquei completar minhas tintas, comprar pincéis, lápis sépia e sanguinias, diamante para cortar vidros e verniz vitral para fazer vitrais em todas as janelas de minha casa.
Voltei da cidade com uma sacola de matérias, uma porrada de idéias e um rombo em minha conta corrente. Mas valeu a pena, numa só pegada trouxe o meu quadro e seu livro parafusado do estilo evangélico para o mais puro estilo graffitagem e fiquei imensamente feliz com o resultado.
O quadro esta agora aqui em minha frente, pouco acima de minha cabeça, e a cada momento paro e o olho satisfeito para ele.
Acho que muitas coisas na vida não podem ser definidas, resolvidas, feitas na hora que queremos, é preciso deixar que algo amadureça em nós e no mundo e só então o efeito desejado vem.
PS.: Atirei no que vi e acertei no que não vi. Com minha recente aquisição de um diamante para cortar vidro descobri que:
1 – Posso entrar nas agencias bancárias a hora que bem entender. Mesmo que tenha encerrado o atendimento a menos de um minuto é só fazer um corte circular no vidro com um diâmetro de uns 73 centímetros e 6 milímetros – aproximadamente - e entrar.
2 – Eventualmente o vidro é temperado e não corta e eventualmente também você e travado na porta giratória. Nestes casos não dá prá cortar o vidro, mas dá prá escrever no vidro de forma indelével.
3 – Frases recomendadas: banquinho filho da puta, cambada de ladrões do cacete, guardinha de merda, gerentezinho viado e O dia que acertar na mega cena compro esta merda de banco e ponho todos vocês na rua.
O SÉTIMO SELO
Recebi uma carinhosa correspondência da Mary Joe, que alias já estava sendo aguardada e nela havia uma ansiosa mensagem em vermelho pelo lado de fora, dizia “ Preste atenção no selo “.
Como eu estava saindo de casa e minha filha é quem havia pegado a correspondência não tive tempo de ver direito na hora, apenas rasguei a lateral do envelope na rua mesmo, conferi o conteúdo e pedi para minha filha guardá-lo.
Quando voltei fui olhar o selo... meu pai do céu... fiquei pasmo... havia uma selo oficial sobre Minas Gerais e junto a ele no mesmo picote um selo com a imagem da Drogaria São Benedito de Jacinto-MG, Vale do Rio Jequitinhonha e na porta, alias entre as portas... pasmem... o maridão Alan.
Pensei, a Mary ficou louca, esta falsificando selos e ainda por cima colocando a foto do marido no selo. Essas impressoras HP estão cada dia mais fantásticas, mas... e os picotes?
Como ela conseguiu fazer os picotes. Teria feito um a um com uma agulha grossa sobre uma manta de E.V.A. ???? Teria usado um estêncil para aplicar ácido cloridrico com magnésio sulfatoso caustico reforçado com hexaclorofeno para corroer o papel com perfeição e produzir os furinhos??? Teriam sido as meninas???
Comentei para minha roda de amigos sobre o mistério dos picotes.
Todos concordaram que a HP poderia sim ter perfeitamente impresso os selo com uma igreja barroca numa banda e a farmácia com o Alan na outra banda, mas os picotes é que eram o caso.
Alguém elucubrou: Ela pó ter terceirizado... ohhhhhhhhhhhh!!!
ou, Aplicou cristais e minérios de São Thomé das Letras sobre o papel... ohhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!! ou, Usou uma faca lazer... ohhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!! ou, Comprou na 25 papel picotado para falsificação de selo no setor de bricolagem de algum Armarinho... ohhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! Não atinamos.
Não haviam universitários para nos ajudarem, sartamos...
De qualquer modo, envolto pelo mistério, não deixei de sentir a profunda emoção que é receber aquilo que se espera como certo, mesmo que sejam dois singelos calendários e um almanaque de farmácia transformados por um toque de mágica em algo precioso e sem preço, que em si contenham uma carga gigante de afetividade e carinho de alguém ao mesmo tempo tão distante é tão presente. Para tantas pessoas eu dou tanto de mim e recebo nada em troca e muitas vezes sou alvo de desfeitas e injustiças, mas Mary lá tão distante, com um gesto aparentemente tão simples – mas que não é, ah, não é mesmo, me faz perceber o mundo elevado que existe no interior de poucos, ela consegue com naturalidade e honestidade fazer amigos por este mundo afora, mesmo vivendo numa região descentralizada que não é prá ela obstáculo nenhum, consegue transformar com seu modo de vivenciar as amizades, em um centro absoluto e invejável de troca de opinião, informações, cultura, estímulo, atitudes e fraternidade .
Mary e Alan expliquem agora como vocês conseguiram ser tão fundamentais e exemplares e como conseguiram fazer os picotinhos no selo.
Adoro vocês.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
SOBRE AS VERDADES ABSOLUTAS
Não sei ao certo a origem da maioria da frases abaixo.
Algumas são certamente minhas e outras são obviamente fragmentos de músicas ou de algo que li não sei onde.
Certa vez ganhamos uma agenda da UNICEF que tinha ilustrações deslumbrantes e frases inesquecíveis, passei a gostar de citações e idéias complexas contidas numa única frase.
Sempre penso em criar um banco de dados colecioná-las, mas não tenho a iniciativa e a coisa não engrena.
Normalmente não publicaria o que vou publicar abaixo, basicamente por não querer parecer piegas ou pueril, mas motivado por algo que li sobre a Yoko Ono – primeira citação abaixo – e tomado pelo mesmo expírito de fazer sempre algumas besteiras na vida, então, vamos a algumas frases:
O artista de verdade é impermeável à critica.
Em momentos de crise não tenho medo de passar necessidades.
Fome por exemplo, só no teclado de nosso computador tem sobras de comida para nos alimentarmos por um mês.
Se resolverem falar mal de mim me chame, porque sei coisas horríveis a meu respeito.
Naquelas canções regionais belíssimas de vaqueiros apaixonados e sensíveis conduzindo pelas estradas empoeiradas suas boiadas, não fica claro que inocentes estão sendo conduzidos para a morte, para depois satisfazer festanças e esbanjamentos infames.
Não há maneira possível de escapar de uma injustiça.
A injustiça independe do injustiçado.
Ao injustiçado cabe apenas ter ou não coragem de vingar-se.
O oposto do amor não é o ódio, o ódio é a intensificação do amor.
O oposto é o completo descaso.
Quem não tem nenhum traço de loucura definitivamente não merece minha atenção.
Quem não teve nenhuma atitude ousada na vida, em nenhum momento, nem minha pena merece.
Quem nunca me surpreendeu na vida, francamente não merece nada de mim.
Quando o segundo sol chegar para re alinhar as orbitas dos planetas.
Não digo que não me surpreendi.
Mas você pode ter certeza de que seu telefone ira tocar.
Eu só queria te contar que eu fui lá fora e vi dois sóis um dia e a vida que havia sem explicação.
Antes que eu visse, você disse, eu não pude acreditar.
Odeio telefonar para alguém que eu goste.
Todas as vezes que fiz isso me senti muito mal.
Como nunca ninguém me entendeu, acredito que não vai acontecer comigo.
Vou passar pela vida sem sentir a sensação da cumplicidade.
O grande momento da vida é quando estamos tentando seduzir alguém.
A única coisa que supera isso é ter um filho ou quando chupamos picolé de manga.
Quando não estamos apaixonados as canções de amor são insuportáveis.
Não devemos acreditar que as coisas são prá sempre porque o prá sempre também acaba.
BOM 2011
Já estou imune a natal e ano novo.
Não entendo mais a razão de acreditar que começamos uma nova etapa baseado apenas na virada do ano. A maioria de nossas rotinas é diária e portando anuidades nada tem a ver de tão influenciável em nossas vidas.
Mas na somatória concordo que é possível avaliar e projetar.
Minha avaliação de 2010 é de que foi o pior ano de minha vida em quase todos os aspectos, e basicamente no aspecto de saúde familiar a coisa não só foi muito ruim como nos colocou no colo da verdade de que eu e minha mulher temos problemas de saúde permanentes e limitadores. Ela com sérias complicações renais e eu com sérios problemas de coluna.
Trabalhei dois meses com dores horríveis e não encontrei remédio nem para as dores nem para ter que trabalhar mesmo assim.
Fora as doenças foi o ano de tudo quebrar aqui em casa.
Todo mundo passa por isso quando fica casado muito tempo.
Os eletro-eletrônicos vão ficando velhos, consertados e reconsertados, com funções parciais, funções a menos, falta de peças e no final um custo de manutenção acumulado que supera o valor de um bem novinho em folha só que em sua versão atual raquiticamente menor. Nosso micro ondas velho cabe um boi inteiro dentro o que vamos comprar cabe um xícara pequena de café. Alias só com o bafo eu esquento mais que ele.
A casa também vai pedindo socorro.
E como temos planos de mudança, a grande reforma também se transforma numa série de alternativas de solucionar aplicando band-aids. Mas é romântico dormir ouvindo a chuva cair em goteiras num balde no centro da cozinha, pior que não tem quem encontre por onde a água entra ( mistério infiltrativo ), mas ainda é melhor que morar num lugar que se transforma em ilha ou onde a água chegue até o pescoço como vi esta semana na tv.
Aqui não falta água. Por nenhum dos lados imagináveis. Vem aos montes do céu o tempo todo, tem no chão borbulhando em volumes de encher represa, corre pelas estradas levando boa parte delas e deixando só um tiquinho de terra prá gente passar, tem no cano as Sabesp ( Cia de água aqui de São Paulo ) a uma merreca por mês, tem nas bromélias prá dar uma força prá dengue, enfim, isso aqui é uma esponja.
Planos para este ano?
Basicamente cuidar da saúde, da casa, da natureza e se sobrar tempo: ganhar algum dinheiro prá comprar dois carros novos, mas novos mesmo. Os nossos estão consumindo uma parte muito grande de nosso orçamento.
Veja só: Seguro obrigatório, IPVA, licenciamento, inspeção veicular obrigatória, suborno prá conseguir passar na inspeção veicular, imposto sobre combustíveis, pedágio, zona azul, multas por ter um carro, multas por ter dois carros, passagem de metro por não poder ir de carro no local em que se precisa, mais passagens para poder ir aos lugares em dia de rodízio, taxa para renovar a habilitação, exame médico para renovar a habilitação, suborno para passar no exame de renovação da habilitação, estacionamento com primeira hora a R$ 17,00 , e finalmente suborno para o PM nos comandos diários em todos os caminhos possíveis.
Na ponta do lápis se vendermos os dois carros da prá fazer uma viagem de um mês pela Europa só com a economia das despesas rotineiras, sem contar a manutenção, pneus e troca de óleo, filtros e correias.
Então... acho que este ano vamos vender os carros e vamos a pé para a Europa com os rins fudidos e o ciático me entortando todo e me deixando com a carinha do corcunda de Notre Dame, que pretendo conhecer ao vivo.
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