PENSANDO

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

BIENAL DE DOIS EM DOIS ANOS



Minha história com a Bienal de São Paulo é gostosa.
Já na adolescência ia sozinho ao Ibirapuera e anda solitário pelos enormes corredores, solitário mesmo porque na década de 70 e 80 ninguém ia na Bienal. Em pleno sábado a tarde você anda só pelos corredores.
Vi coisas deslumbrantes, e formei ali boa parte do meu gosto por instalações e obra tridimensionais e pouco convencionais.
Pena que não sei mais como rever as obras dá época porque não guardei na memória os nomes dos autores.
Algumas coisas foram marcantes, como um artista que fez ondas com milhares de revistas, ondas que engoliam tratores de verdade e outros objetos dos quais não me lembro, alias esta postagem na verdade deve ser sobre minha falta de memória. Ou um enorme quadro de uns 8 metros de altura por 5 metros de largura cheios de bonequinhos feitos de fios de naylon enrolados e que pareciam estar enforcados, era de um venezuelano e foi a sensação daquele biênio. Outro fazia sobre uns painéis de dois metros quadrados numerações continuas, eram dezenas de quadros e os números tinham perto de um centímetro de altura, portanto havia milhões de dígitos naquela instalação algo dantesco e como se não bastasse o artista ainda gravou sua voz lendo todos os números e a gravação rodava o tempo todo. Acho que alguém mais maluco ainda iria conferir se a numeração estava certa. Outro enrolou bisnagas de pão em, pasmem: jornais, e não papel de pão e fez muros e mais muros que preenchiam grandes espaços. Um genial que nunca esqueço fez um enorme quadro branco com uma espécie de pirâmide em relevo bem no centro e dentro dele saia uma plantinha de verdade com duas tenras folhinhas verde clarinho, uma preciosidade. E uma fez uns quadros com essas molduras bem clássicas e havia uns bonequinhos parecidos com gnomos sentados nas molduras, bonequinhos de verdade umas gracinhas, não me lembro o que ele pintou nas telas mas ele escreveu numa tabuleta ao final: O difícil na arte é lavar os pincéis.
Tremenda verdade.
Este ano vou com dois especialistas em arte visitar a Bienal nos próximos dias. Faço questão de ir acompanhado desta bagagem técnica. Meu amigo Tio Jô e meu amigo Sergio que me trouxe ontem de Paris ( puta esnobação barata esta minha aqui ) uma boena francesa que pretendo usar nos meus vortejos pela bienal com um ar francês pedante.
Mas quero mesmo ver é a obra do Gil Vicente, o cara que mostra o Lula com a faca no pescoço, a arma apontada para o Papa e para a Rainha Elizabeth, FHC com uma arma na cabeça e tantas outras autoridades em situações limites. Genial, genial, genial.
Em meu outro blog escrevi um continho que se passa num tribunal onde há uma explosão de fúria. Eu tinha a chama o Gil Vicente teve a idéia perfeita e acabada, e tem uma tal de OAB achando que as obras dele não podem ser expostas. Mais que puta falta de sacanagem!!!!

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