PENSANDO

PENSANDO

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AJOELHOU, TEM QUE REZAR...

O caso é que tenho ido trabalhar numa escola, cliente minha, usando o transporte dos alunos, um enorme ]ônibus que circula por estradinhas vicinais numa paisagem de cinema. Tem uma localidade chamada Lagoa Grande que é o ápice da beleza. Depois de atravessar bosques e imensas plantações de verduras você chega a um vilarejo muito bem cuidado com casas boas e que lembram aquela casa da avó de muita gente tem no interior. Casa de arquitetura simples mas com muitos comodos, atenção especial na cozinha sempre enorme ], área de serviço e varanda imensos, gramado aparadinho com muitas plantas e uma magnifica horta e pomar  ao lado. Existem várias assim, e algumas delas ficam atrás de um enorme quarteirão onde esta a igreja de São Judas Tadeu e uma bela venda, onde algumas vezes tomamos cervejas bem geladas, quando pedalavamos naquela região.
Mas todas as manhãs eu me sento do lado direito do ônibus, na janela, da metade para frente e todas as manhãs via uma senhora na janela dando tchauzinho quando o ônibus passava.
Mas aconteceu que um aluno não esta mais sendo pego e o ônibus encurtou o itinerário e agora só passa pela frente da igreja evitando a volta ao quarteirão e o tchauzinho da senhora.
Normalmente não volto com o ônibus, mas hoje calhou de eu voltar.
E eis que vi uma movimentação estranha no ônibus, havia um burburinho das crianças cobrando justamente o aluno mais levado a dar o tchauzinho prá velha.
Na volta o ônibus deixa uma criança na porta da venda, bem em frente a casa da velha e eis que lá esta a velha na janela esperando o ônibus com seu tchauzinho.
O garoto levado, só hoje observei, retribui o tchauzinho e a ficha caiu.
Ele começou a fazer o gesto na gozação.
A velha sem maldade retribuiu e passou a dar o tchauzinho todos os dias, e mais, fica lá todas as manhãs faça o frio que for para esperar o ônibus. Como agora ele só passa lá na hora do almoço ela mudou de horário a espera do garoto.
Ele começou com uma gozação e caiu numa armadilha constrangedora.
Agora é obrigado a dar o tchauzinho todos os dias porque a turma todo fica pressionando ele e porque a conciência dele agora cobra pesado.
Ele, acredito, não imaginava que se enrolaria em sua própria brincadeira e aprenderia com isso que fez uma amiga e que essa senhora respeita, e muito, o gesto dele. Ele muda de semblante quando dá o tchauzinho, faz o gesto com respeito e reciprocidade. Aprendeu algo... aprendeu que há humanidade espalhada por todos os cantos e em todas as pessoas, que o que para uns pode parecer um gesto irônico para outros é interpretado como um sólido gesto de amizade;
que a vida surpreende e ensina até a quem achava que, em sua santa imaturidade, não tinha nada a aprender.
Ele caiu numa boa armadilha, numa armadilha do bem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vitório, se todo que trolasse e magoasse os outros recebesse de volta esse carinho, talvez nosso mundo se tornasse um lugar melhor.
Beijo carinhoso
Mary Joe que ainda não consegue comentar no seu blog...