PENSANDO

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sexta-feira, 3 de abril de 2009

VAI DAR PANO PARA A MANGA....

Eu 28 anos, em 1987 numa praia deserta afastada do centro de Paraty, fazendo nada, pensando em nada.
Vejo vindo um casal passeando que quando chegaram próximos a mim me cumprimentaram e me perguntaram algo que eu não lembro o que foi. Como minha resposta foi calorosa e abrangente, pararam para conversar um pouco mais comigo. Sentaram-se e a conversa rolou solta e muito animada. Ele pouco mais de 30 anos, ela muito próximo disso, os dois bonitos e bastante cultos e viajados, falaram e perguntaram sobre praias, pessoas, lugares, sobre a cidade sobre a viajem que estavam fazendo, sobre a vida que levavam. Eu em crise de casamento, fase final, eles numa eterna lua de mel, maduros, seguros, felizes e de bem com a vida. As opiniões entre eles divergiam, mas quando um falava o outro ouvia, e o discordar era algo que orgulhava ao outro, tipo: veja ela tem uma opinião própria, ela sabe pensar por si e tem um gosto pessoal. Enquanto um falava o outro admirava com um rosto sereno e um brilho diferente no olhar. Nunca tinha visto nada igual, depois deles nunca encontrei nenhum casal assim, encontrei apenas fragmentos deles em casais amigos, mas desculpe amigos, ninguém os igualou ainda. Não sei quem eram, quem são, e assim como chegaram partiram caminhando sem deixar nem os nomes.
Mas ficou algo de muito estranho, uma passagem serena e iluminada, deixaram em mim uma inveja, um vazio, uma vergonha de não ser bom como eles, de não ser maduro na hora de me relacionar. Não superei nada disso até hoje, mas também não esqueci a lição. Só não consigo aplicar.
Depois de pensar por muitos anos conclui que eu não consegui porque nunca encontrei uma outra pessoa que também tivesse aprendido a mesma lição e que essa é uma lição que eu não posso ensinar, senão vira uma manipulação um interferência na vida do outro. Não encontro um modo de conseguir. Sobre esse caso só posso invejar e recordar.

Um comentário:

Mary Joe disse...

Vitório, acho que cada caso é um caso... e depois de quase treze anos de um ótimo casamento, só posso te dizer que o que nos faz felizes, pode ser diferente do que faz outro casal feliz.

Eu e meu marido temos constante essa conversa, porque naõ conhecemos ninguém feito nós. Que além de casados, somos parceiros profissionais também, e mais, melhores amigos. Entaõ, todas as viagens de um são comentadas e discutidas com o outro. Acaba que nos tornamos meio siameses, sei lá.
Mas se vc naõ vive isso, é porque não era pra ser. Pelo menos naõ nesse momento.

Regue seu jardim, ou seja, viva bem, que suas borboletas aparecerão.
Bacci
Mary