PENSANDO

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sábado, 6 de março de 2010

O PIOR CEGO É AQUELE QUE É BURRO.

Este local é onde alguns anos depois seria construída a Marginal Tiete. O Rio é o Tiete e a cidade ao fundo é São Paulo em 1960, provavelmente entre Janeiro e Março.
Insistindo no erro foram alargando e afundando a calha do rio, construindo piscinões, instalando bombas dágua e armando uma estrutura cara, infrutífera e burra.
Eu conheço bem a cidade e sei de sua história de 1968 para cá, quando passei a ir muito ao centro e a conhecer a maioria dos bairros. Hoje conheço muito pouco da cidade porque não é possível acompanhar o desenvolvimento e por conta do sistema viário que desenvolveu grandes corredores fazendo com que você não entre mais nos bairros, daí você só conhece mesmo os lugares onde vai e não por onde passa. Mas a TV mostra tudo, e todos dias o SP TV mostra com seus helicópteros os rolos que acontecem por aqui. Um dia é um caminhão que entala numa passagem de viaduto mais baixo, motoqueiro morto todo dia ( são 3 por dia ) interrompendo a normalidade das grandes vias, caminhão derrubando passarela, viaduto desabando, incêndios, passeatas, pontos de alagamento, obras desmoronando, morros desmoronando, cargas espalhada pela pista por caminhoneiros que erraram o cálculo, helicóptero caindo, avião caindo, greves, obras, adutoras estouradas, túneis alagados onde se pescam tilápias de 4 quilos e a cada dia tem uma novidade e uma coisas fora de controle. Ou seja a cidade esta fora de controle.
Mas veja a foto, se em 1960 era assim não teria sido melhor ir construindo ao invés de uma grande metrolpole uma série de pequenas cidades ao longo das ferrovias e estradas?
Em 1973, se não me falha a memória começou a construção do metrô. Dava orgulho ter o metro, mas justamente onde foi construída a linha do metro é onde hoje mora menos gente em São Paulo. O entorno das estações do metro é sempre um bairro fantasma. A Estação Bresser é gigantesca, tem um terminal de onibus rodoviários desativado e lá não desce nem sobe nenhum passageiro, porque lá não tem mais nada funcionando. Onde estão as coisas então?
Estão nas pontas das linhas de onibus que se interligam com o metro. O custo da região onde fica o metro expulsou as pessoas e os negócios para longe, onde o metro propriamente não chega.
Entre o centro e os limites da periferia existem grandes manchas de terra decadentes, vazias, com prédios abandonados e com infra estrutura disponível, já onde estão as pessoas inexistem a infra estrutura, o metro, as construções adequadas e a presença do poder público.
São Paulo é uma cidade burra, cara, grande e mal ocupada.
Hoje 57% dos entrevistados dizem querer mudar daqui. A cidade não é mais o sonho de quem mora aqui, deve ser sonho só de quem não conhece como é a vida por aqui.
O tempo perdido para se ir de um lugar a outro é enorme, você não consegue cumprir horários e ir a uma consulta médica por exemplo pode ocupar mais de meio dia, custar uns R$ 20,00 de combustível e mais uns R$ 12,00 de estacionamento. É muito tempo e dinheiro desperdiçado.
A cidade é insegura, suja, desigual, com obras obsoletas ou inadequadamente construídas e portanto subutilizadas. É o que mais tem aqui.
Jamais deveriam ter construído as marginais, deveriam ter limitado a construção de imóveis no geral, não deveriam ter permitido a urbanização das regiões de mananciais nas serras, não deveriam ter construído o metro e deveriam ter limitado a cidade a uma população de nó máximo 4 milhões de habitantes, hoje já somos 20 milhões.
Não há como atender a todos com qualidade. Mas o erro continua, estão alargando as marginais, ampliando o metro e cobrindo o que resta de terra a céu aberto na cidade, daqui a poucos anos a cidade vai ter uma média de mortes muito grande por dia em função dessas coisas que listei acima, morar aqui vai ser uma arapuca cada vez mais traiçoeira. Morrer aqui vai ser a coisa mais corriqueira e banal.
Num futuro não muito distante a família vai poder levar o morto para o cemitério de metro.

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