PENSANDO

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A ESCOLHA



Há alguns anos reencontramos os amigos da faculdade de publicidade e propaganda. Vinte anos depois de formados muitos não estavam na área e muitos nunca trabalharam nela.
Onde erra uma pessoa que faz um enorme sacrifício para concluir um curso superior e depois não consegue exercer a profissão?
No reencontro soube que um dos colegas fez depois de formado, o curso de engenharia e se firmou numa montadora na nova carreira. Uma outra estava bem sucedida com distribuidora da Natura, um outro era dono de uma produtora de vídeos, outra virou jornalista, outro mais tarde se formaria em ciências políticas na USP ( acho que foi isso ) para continuar sua carreira de assessor parlamentar, outro se tornaria um feliz prestador de serviços de manutenção geral, um outro seria um competente gerente nacional de vendas no ramo de movimentação de cargas, uma apenas cuidaria do pai doente, outro seria dono de Buffet, outro trabalharia num grande jornal de São Paulo eu seria administrador de empresas por muitos anos até me tornar um faz tudo e depois um artista inconstante.
Ralei, ralei muito para pagar a faculdade basicamente foi as custas de muitas horas extras num trabalho medíocre, numa empresa medíocre, cercado de gente medíocre e não vi a compensação para tanto sofrimento.
Hoje aos 52 anos se tivesse que escolher uma nova profissão certamente erraria de novo. Eu de fato nunca descobri o que me entusiasma de verdade profissionalmente. Acho que gostaria de ser astronauta ou vigia de torre de telefonia celular. Me apetece ficar só, ganhar dinheiro certo no final do mês sem ter que olhar para a cara do público.
Mas, se com toda a bagagem de vida que tenho não me sinto apto a escolher novamente, que dizer da garotada de hoje.
Com esse leque de profissões que ninguém sabe para que servem mas que rendem fortunas, tipo: Marketing de logistica bancária internacional para reestruturação de carteiras deficitárias – nível III.
Puta empregão, R$ 30.000,00 por mês mais carro zero abastecido, participação nos lucros, 14° salário e viagens bimestrais aos Estados Unidos. Quem criou sabia o que estava fazendo. Poucos candidatos aptos, cargo inextinguível, se cortarem a vaga no organograma o banco quebra, de tão complicado o oficio ninguém se mete a besta em fazer qualquer questionamento. E mais: é nível III, inquestionabilissimo.
Muito melhor que ser astronauta ou professor.
Pensando bem, todas aquelas criançinhas que diziam que queriam ser professores acabaram se tornando e olha no que deu.


Pombas que postagem mais azeda... meu, ta rançoso.

Um comentário:

Mary Joe disse...

Vitório, acho que me identifico com seu sentimento. Sou farmaceutica, exerço, mas vou te falar uma coisa: eu poderia ser outras mil coisas com a mesma cara de sempre. Naõ acho que sou entusiasmada o bastante para dizer que é a profissão da minha vida. E adoraria esse empregão...

Quanto ao reencontro, lembrei de minhas amigas mais chegadas dos tempos da faculdade. Uma virou professora de inglês. Outra trabalha com contabilidade na firma do irmão, e uma terceira seguiu carreira fazendo um doutorado em biologia molecular e hoje trabalha com isso... então amigo, é assim mesmo.
Acho que naõ é nem mesmo que tenham errado. É que mudam de idéia no trajeto da vida.
Beijokas
Mary