Sou de um geração que prometeu mas não cumpriu.
Na época ninguém estava sendo cobrado de nada, mas mesmo assim, indignados, muitos saíram às ruas e revolucionaram, conseguiram algumas coisas, bem poucas, e depois transformaram toda a luta em mera poesia. Havia uma peça de teatro com um ótimo nome para isso: Um grito parado no ar, se você é meio velhinho deve lembrar ao menos do nome.
Hoje o mundo opera pela individualidade e por regras de consumo que oscilam entre a pura futilidade e a completa ostentação. Sempre houveram pessoas fúteis e ostentativas, mas hoje incrementaram-se as estatísticas.
Recebo sempre emails da revista "Pequenas empresas grandes negócios", e vejo lá nas resenhas que a energia para lutar é uma coisa que se torna maior a cada dia. Pessoas se tornam cada vez mais competitivas e buscam por novos maneiras de no mínimo ficarem milionárias. Não há meio termo, é sucesso ou morte.
Em parte vejo o momento pelo retrovisor em outra parte engulo poeira.
Sonhei, realizei, mas fiz pouco, meus melhores momentos estão muito aquém do que fazem hoje os novos empreendedores. Neste ponto como poeira.
Achei meu lugar na vida, e tenho infinitas oportunidades de manobras, mas honestamente, bem pouca vontade de sair à luta como se sai atualmente. Mas me abate as vezes sentir que deixo passar tantas oportunidades e tantas chances de sentir frio na barriga, arrefeci.
Saltei da adolescencia direto para a velhice de alma; ou será maturidade de alma?
Aprendi a muitos anos que é um grande erro querer abraçar o mundo, essa atitude nos desnuda em nossa verdadeira face: a da ingenuidade e pretensão desmedida.
É preciso saber parar, é preciso saber usufruir os verdadeiros presentes que a vida nos dá.
Saber sair de cena é certamente um dos maiores valores de uma pessoa.
2 comentários:
Vitório, que texto bonito! Acho que vc está admirando e vivendo a maturidade da alma.
Sabe, as vezes me pergunto se como poeira também. Aí paro e lembro daquela história da festa do apartamento vizinho. Sabe qual é?
Onde vc vê a música tocando alto, e como nunca é convidado fantasia que é uma maravilha o que está acontecendo lá. Melhor do que o dia a dia da sua própria casa.
Mas... isso é uma fantasia, amigo.
E somos e temos a melhor vida que conseguimos. Ponto.
Pensar no que poderíamos ter feito ou poderíamos ter vivido é um exercício mental (que faço vez por outra, confesso) inútil. Leva a lugar nenhum.
Vc é e fez o melhor que pôde. E isso, Vitório, já é uma puta realização. O resto? Ah, o resto é resto...
Beijo carinhoso
Mary
É bem por aí...mas quando as expectativas são grandes, quando não realizadas, as decepções são maiores. No pain, no gain. Como dizem lá no sítio: desacorsoei. Tá ruim, mas tá bão!
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