PENSANDO

PENSANDO

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A LEMBRANÇA MAIS REMOTA

A minha é de uma visita pós natal ( óbvio ) ao posto de puericultura no bairro onde nasci.
Lembro da madrugada de frio e neblina, era primavera de 1958, de uma carteira de plástico rígido verde escuro que servia  como senha, da luz fluorecente forte das salas do Clube das Abelhas e da balança curva onde eram pesados os bebês.
Será que é isso mesmo?
Vejamos, com seis meses eu já dominava o conceito de senha e fila de espera?... uau que cara adiantado.
Já enxergava névoa quando se sabe que os bebês enxergam como se portassem cataratas?
Já distinguia materiais como plástico e definia cores como: verde escuro?
Nem eu mesmo sei explicar  essas contradições em que caio, mas tenho uma fé de que isso tudo seja verdade, mas a única verdade é que a mente nos engana o tempo todo.
Eu lembro de outras coisas mais que não sei definir, lembro de que estava vivo mas tinha sono, de que percebia mas não compreendia e isso sim é tudo verdade e não tapeação de minha mente. E por essas lembranças e impressões eu boto a mão no fogo.
Já que não acredito em reencarnação, não posso me apoiar então na consciência universal ou algo parecido, tipo uma bagagem de conhecimento acumulada pelas vidas passadas ou pelas quais teria passado enates desta. Resta-me então acreditar que a memória arquiva algumas fichas nas pastas erradas e forma uma cena que compromete a verdade, ou seja: a mente mente prá gente.
Mas não mente o tempo todo e por alguma razão algumas lembranças ficam fortemente impressionadas na memória, e uma delas aos meus dois ou três anos de idade no colo de meu pai tentando chamar a atenção dele para alguma coisa sem sucesso é forte e cristalina... mas... pode ser mais uma mentira da minha mente, ela apenas sintetiza a forma distante como meu pai lidava com os filhos, sempre entretido na conversa dos outros e com os filhos grudados nele mas sem ligação verbal, não verbal, afetiva ou que raios seja. Era ele lá nós cá. Então como isso também é um impressão muito forte pode ser apenas o registro de um conjunto de atitudes dele em relação aos filhos.
Poxa, mas eu queria tanto saber com certeza qual é minha lembrança mais remota, mas lembrança verdadeira.
É uma certeza que nunca terei, nem sei por que quero saber isso... acho que é apenas mais uma das minhas banalidades.
No final mesmo o que quero e conseguir juntar as peças, as partes de minha vida, formar um todo, poder me olhar,  ver se formo uma trajetória ascendente, se fui melhorando ou só envelhecendo. E quanto mais me afasto do ponto de partida mais sinto vontade de formar esse conjunto.

Nenhum comentário: