PENSANDO

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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

SÓ QUEM FOI PARA A GUERRA ME ENTENDERÁ

Certa vez eu trocava correspondência com uma pessoa que eu não conhecia pessoalmente.
Abrimos contato por intermédio de uma revista que publicava o endereço de pessoas interessadas em conhecer outras pessoas somente pelo correio, quase todas da mesma idade - adolescentes.
Era legal, mas aconteceu algo que me desencantou.
Um dia recebi uma carta toda ressentida sobre algo que eu não lembrava ter escrito.
Pensei: °°°°°Ou coloquei a carta no envelope errado, ou respondi para um a carta de outro, ou elaborei muito mal alguma frase, ou algum termo daqui é palavrão acolá, ou me responderam a carta de outrem, ou a pessoa surtou mesmo, simples assim...°°°°°°
Fato é que eu embora não soubesse estava pisando pela primeira vez no campo de batalha que é a interação com outras pessoas, mas não qualquer interação, mas a interação dos anônimos.
Um anônimo pode tudo, e isso proliferou na internet.
Quando entrei no Orkut senti a força da palavra impuni. Aquela palavra que você pode escrever, postar, enviar quase com 100% de chance de ficar impuni.
Era uma saraivada de balas zunindo sobre a cabeça de todo mundo, um mundo de ofensas, acho até que por isso o Orkut naufragou duas vezes, a primeira quando os brasileiros tomaram prá si o Orkut e a outra quando então os novos donos, os brasileiros, oficializaram o português como língua e a baixaria e agressividade como método de comunicação.
No começo achei uma coisa muito chata, você entrava numa comunidade que tinha um título atraente, algo com o qual você se afina, achava umas pessoas legais mas ganhava junto com isso um monte de gente que atravessava o caminho e dava rasteiras e chutes nas canelas. Fui me vacinando e me acostumando.
Com o tempo uma coisa ficou clara, a internet é um campo de batalha e a guerra não tira férias.
Depois de algum tempo descobri os blogs, primeiro como leitor, depois passei a ter alguns.
Sempre assediado para ampliar o público nunca me deixei levar pela ideia e nunca me senti tentado.
Escrevo, poucos leem, mas penso e escrevo impunemente ou impunimente.
Mas ainda assim cada coisa escrita mais desagrada que agrada.
A mim mais agrada que desagrada.
Não priorizo os comentários e alguns somente tardiamente descubro existirem.
Poderia escrever num caderno e guardar na gaveta, mas não teria as imagens nem os recursos que tenho aqui no blog.
Com o tempo vai se desenvolvendo a atitude de escrever sem medo algum.
Escrever tudo o que vem a cabeça, tudo que você acha que tem que ser escrito e não há previa preocupação com consequência alguma, ai estamos muito perto do ideal.
Nunca escrevo para agradar a outro que não seja eu.
Prendo aqui memórias e memórias das impressões que tive da vida.
Em outro blog comento como observo pateticamente a arte.
Num outro blog viajo pelas histórias absurdas e surreais e num outro tenho ideia livres de qualquer lógica ou preconceitos para solucionar questões do cotidiano.
É um imenso campo de batalha com várias frentes. Divertidas e aconchegantes.
Se é incômodo, certo é que o é apenas para quem lê.
E ninguém lê obrigado.
Obrigado.



Um comentário:

ana reconstruindo disse...

gosto do que escreve, sou crítica, chata... mas pena que parou de escrever... o diferente me impulsiona