PENSANDO

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

A FUGA DO PARAISO

Ocorreu-me que eventualmente o paraíso terrestre não era algo assim tão absolutamente desejado. Que o tédio é mais inimigo do ser humano que a morte. E que alguém que fosse condenado a viver todos os seus dias num lugar de profunda paz, comendo frutinhas e bebendo água puríssima não aguentaria muito tempo.
Fugir seria inevitável.
O mundo real, com todos os seus problemas e desconfortos oferece no entanto uma sucessão limitada de eventos que tornam a vida uma incógnita. Mas estar diante de incógnitas e mistérios é muito mais estimulante que viver eternamente um mesmo dia sem variação ou diferenças todos os dias.
Todos vivemos vidas relativamente parecidas, com problemas parecidos e, como disse, um numero limitado de eventos, por isso alguns se cansam e vão saltar de para quedas, vão fazer viagens químicas ou ariscar a vida numa escalada do Everest.
Se você colocar reparo vai ver que mesmo uma vida agitada é rotineiramente agitada.
É agitada mas os eventos são sempre os mesmos, e um final de semana longo se torna mais longo ainda quando você descansa fazendo aquilo que sempre faz.
A novidade e a incerteza é que são o paraíso.
A adrenalina gerada pelo inesperado é que põe gosto na coisa, a sensação de correr riscos é que faz com que o sabor seja melhor.
Prá este final de semana que caí na armadilha do tédio, resta-me apenas o consolo de ter descoberto que o paraíso não é objeto de meu desejo.


No estado de São Paulo, estamos tendo um feriado prolongado por conta das comemorações do dia 9 de Julho, aniversário da Revolução Constitucionalista, que é coisa que nem paulista sabe o que é.

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