Existem grupos que são impenetráveis.
Pessoas também. Negócios e soluções completamente impenetráveis.
Mundos fechados propositalmente por quem sacou que é assim que se consegue as coisas que os outros não devem conseguir.
Guetos. Sempre falo de guetos com os amigos. Detectem os guetos e não percam tempo tentando. Eles são estruturas formadas com alicerces sólidos e históricos, onde transitam livremente os eleitos. Aos demais é possível em casos raros dar um espiadinha para dentro, e conforme o caso ser aceito, mas tem iniciação com prova de fogo, sangue, suor, dor e lágrimas.
Marilyn Monroe conseguia seus melhores papeis de joelhos usando os lábios para destrancar a porta de um mundo que seria impenetrável para ela. Ela pagava o preço e penetrava, morreu de tristeza e solidão, morreu dentro de um desses mundos.
Quando tentei iniciar minha carreira no ramo da publicidade de gente grande, das agências que produziam coisas de verdade e não dos meros balcões de anúncios classificados, logo notei que o jogo ali era pesado e eu não tinha nada de atraente para abrir a porta, alias nunca nem descobri onde ficavam as portas. Um mundo impenetrável e denso, cheio de perigos e prazeres ( deles ).
Um mundo venal. Não que eu tivesse pudores, alias nem sabia o que eram pudores, o que eu não tinha era simancol, bagagem, bunda atraente, discrição, beleza física ou sei lá o que que a praça estava requerendo naquela ocasião. Não entendi as regras, os requerimentos básicos, acharam que eu estava me fazendo de besta e nunca passei da portaria.
Assédio é requisito elementar no mundo de sempre. Seja você homem ou mulher.
Faça-se de besta de desentendido e tchau.
Sabia que não poderia um dia usar isso como desculpa por não ter conseguido, ninguém ainda conseguiu se justificar assim. Por isso é preciso de garra. A capacidade de superar pelo talento, pela capacidade de fazer, fazer rápido, barato e muito bem feito. É coisa de de Mandrake.
Por isso existem dois mundos impenetráveis, e um oprime o outro por puro prazer.
Os dos que conseguiram chegar a um patamar de poder que lhes permite impor as condições de acesso, e outro dos que possuem algum tipo de capital ( financeiro ou avanço técnico ) que lhes
permite impor ao primeiro o seu elevado preço para que esses tenham o que só eles sabem e podem fazer. Ninguém compra fácil, ninguém dá de graça. E os dois mundos vão se tornando cada vez mais difíceis de penetrar.
Um modo que as pessoas desenvolveram para carimbar a palavra incompetente na testa de quem não é igual a elas, não sonha os mesmos sonhos e não sente os mesmos prazeres.
A imagem que ilustra esta postagem é Lowbrow, dentro do espírito deste mês neste blog.
2 comentários:
Vitório, os guetos sempre existiram e sempre existirão. Em qualquer parte de nossa vida.
Ou vc já se esqueceu dos milhares de filmes americanos que se passam na high school deles, e sempre há a cheerleader lindona, que só fica com o atleta mais forte (ainda que burro feito uma porta), e despreza solenemente o nerd apaixonado por ela.
Ou nossas próprias escolas de segundo grau? Onde temos nossa versão tupiniquim de segregação pela beleza e mais raramente pela inteligência?
Faculdades onde a panelinha impede outros de conseguirem ao menos um estágio?
Quando terminei meu mestrado, estava tão enojada desse mundo acadÊmico, que abandonei toda a área de pesquisa, por pensar que naõ daria conta dos sorrisos falsos, de saber que aquelas pessoas jamais teriam chance por naõ pertencerem ao grupoa corrente no poder, e essas pessoas trabalharem feito burros de carga (isso podia) e acabarem morrendo na praia.
Enfim, pode dormir feliz, amigo Vitório, porqeu vc pode naõ ter sido parte do mainstream... Mas será que valeria a pena?
Eu, de minha parte, achei que valeu... como dizia o meu orientador, estou defumando meu diploma no fogão a lenha... e achando ótimo.
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