PENSANDO

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CONSIDERAÇÕES SOBRE SER PEQUENO - II

No blog da Mary Joe, veja link aqui à esquerda desta pagina, você pode ler sobre Considerações sobre ser pequeno. Aqui comentarei a postagem.
Eu também, assim como a Nicole e a Maria José sinto inveja de meus gatos e cachorros.
Mas também vejo a desvantagem deles de não poder escolher o cardápio e de viverem eternamente esperando que alguém faça por eles alguma coisa que lhes de prazer.
Bichos de estimação só esperam e não se desenvolvem enquanto isso.
Eu sou um bicho isolado, sempre trabalho sozinho e isso me mantém estagnado.
Não ter mão de obra para ser ajudado por um lado te tira um monte de preocupações mas por outro impede o desenvolvimento. Eu não consigo evoluir um milímetro em anos, porque todos os resultados são frutos de meu trabalho e isso tem um limite físico, emocional e de tempo. Não há como crescer e se tornar grande sozinho. Grande quanto?
Grande para ter excedente de produção e poder abrir novos mercados, para ter tempo para si, para cobrar como sendo o preço de minha mão de obra a mão de obra de terceiros de valor muito mais baixo. A tal da mais valia que Marx tanto colocou o dedo na ferida, me faz falta.
A troca de ideias também sai prejudicada quando você é pequeno e tutelado. Uma porque o tutelado não opina, eventualmente berra, outra porque o isolado não troca ideia na fase de elaboração do produto e só sabe se esta acertando ou errando quando encontra o consumidor final que pode simplesmente dizer: - Não quero.
Tenho amigos que estão querendo ir viver em uma comunidade em Andrelandia-MG de auto sustentabilidade e de vida mais simplificada. É na verdade uma espécie de volta ao passado com novos conhecimentos e com mais possibilidade de reviver o movimento hippie desta vez com mais banhos, menos drogas e menos amor livre. Mas é uma vida tutelada. Porque você se obriga igualmente a viver dentro de regras para ter sua vida viabilizada e facilitada. Com isso opina menos, não pode berrar tanto, já que escolheu o formato e troca ideias dentro de um grupo mais fechado que fatalmente vai acarretar um a porrada de vícios de pensamento. Com o tempo você tem que se tornar reacionário para preservar o sistema e passa a pensar dentro de um padrão, digamos: burro. Cabem aqui algumas ressalvas que não tem muito a ver com o foco deste post.
Mas por que querem ser pequenas e tuteladas as pessoas?
Certamente porque o mundo em que vivem não mais as acomoda.
E sentir-se desadaptado ao meio é muito doloroso e nocivo.
A sociedade esta sem rumo, ou pior formatou-se para um rumo único o da competição e do sucesso. Não há mais a hipótese de apenas viver e cuidar da família. Existem sabotadores dentro do mais restrito dos grupos o centro da família. Você pode querer que a família tenha uma vida saudável mas vai ter sempre um imaturo querendo comer no fast-food onde o cara que faz o troco pega com a mesma mão a comida que você vai comer em seguida, fora o sorriso falso com aparelho nos dentes. Com isso não adianta mais querer ditar as regras, o grupo esta divido, os valores variam e o poder acabou. Cada um faz o que quer e a lei é da selva. Imponha e será sabotado. Isso dá uma sensação de grande frustração na medida em que você só quer o bem mas as pessoas querem mais que isso; e o que querem afinal?
Querem adrenalina, fortes emoções, variações infinitas, coisas novas sempre, querem possuir, serem possuídas e participar da grande corrida que não tem linha de chegada. Consumirão a sola na corrida, os pés, os tornozelos, o tronco e só sobrará, na não existente reta de chegada, a cabeça com uma mente confusa dentro dela mas ainda não completamente satisfeita.
Lupcinio Rodrigues cantou:
Esses moços
Pobres moços
Ah, se soubessem o quê sei...
Não amam
Não passavam
Tudo o quê eu já passei.
Se o grupo estivesse mais coeso não sentiríamos a necessidade de ser pequenos.
Pelo contrário, veríamos a vantagem de sermos grandes, de termos cúmplices numa boa empreitada. Como isso não acontece passamos de gato a rato e procuramos um buraquinho prá nos enfiarmos enquanto o risco não passa.
Eu não tenho energia pra lutar sempre e no meio do caminho desisto, já escrevi isto abaixo.
Mas reconheço que com isso vou escrevendo um história pessoal de fracassos, embora não seja uma história indigna. A opção pelo fracasso é digna, mas destoa da formula de competição e sucesso a todo custo.
Então? Ir para a comunidade alternativa, entrar no buraco do rato, sonhar em ser um animalzinho de estimação, compreender os fast-foods e aceita-los ou simplesmente pensar uma formula, um saida para ser feliz dentro de um mundo que esta errado, claramente errado e com os integrantes hipnotizados por algo que não nos hipnotiza e excluindo-nos nos faz observadores de uma avalanche de vidinhas vaziazinhas prá caramba que não vamos imitar.
Acho que vamos ter que pensar mais, e muito mais....

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