PENSANDO

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

ANTES TARDE DO QUE MUITO MAIS TARDE.

Esta madrugada me ocorreu responder adequadamente aqui a algumas coisas que eu deixei passar sem resposta, então darei 3 respostas agora:
1) Em 1973 o Sr. Alfio que era gerente administrativo da empresa que eu trabalhava, veio até a sala de serviços gerais onde eu trabalhava e onde ficava a única copiadora da empresa, uma maquina de marca Apeco que fazia cópias horríveis e engasgava o papel o tempo todo. O papel era de bobina e você colocava o original sobre o vidro e movia uma rodinha que por sua vez movia uma seta, essa seta indicava onde a copiadora deveria cortar o papel, então o lógico era você ajustar a seta bem próximo ou exatamente sobre o final do papel. O Sr. Alfio então me perguntou:
- O menor tamanho de cópia é este? ( Com ar de que eu era culpado por isso ).
Eu respondi na época:
- Infelizmente sim, ela não tira cópias menores que 27 centimetros.
Mas eu deveria ter respondido, e respondo agora:
- Sr. Alfio, o senhor é uma pessoa muito digna e extremamente gentil e respeitador, mas a verdade é que se o senhor tem que fazer cópia de uma papel tão menor que 27 cm, não deveria fazê-lo, deveria apenas anotar os dados em outro papel igualmente pequenininho já que sua preocupação é economizar dinheiro para o Dr. Horst que é rico pra cacete, vem trabalhar ou de Mercedes vermelha conversível para duas pessoas ou de Helicóptero aqui em Diadema que é conhecida como O cú do muindo e onde só mora gente miserável, isso quando vem, porque já faz meses que ele não dá as caras por aqui e nós estamos aqui faça chuva ou faça sol, ralando e gerando o lucro que ela gasta com essas futilidades. Se o senhor quer mesmo economizar fala prá ele pegar o onibus com a gente lá no Largo da Concórdia e vir se divertindo com os funça dele ao invés de vir voando e queimando querosene de aviação, e mais, 27 cm não é porra nenhuma, é um pedaço insignificante de papel e o senhor, com todo o respeito, pelo tamanho da bunda que tem deve gastar pelo menos meio rolo de papel higiênico todas as vezes que faz um nº 2. Pena , gastar o restinho do papel e ele sair em branco.
2) Em 1974 na Rua Florêncio de Abreu, numa repartição pública qualquer desorganizada, cheia de corredores mal iluminados, sem nenhuma sinalização e onde todos os elevadores eram privativos, eu buscava uma seção, junta ou sei lá o quê pra fazer o protocolo de alguma coisa absolutamente inútil. Parei diante da única porta que encontrei aberta e vi que havia um homem em uma escrivaninha conversando com outra pessoa. Detive-me na porta e o senhor me encarou e pergunto:
- O quê foi?
Eu dei um passo em direção à porta da sala e parei sobre o umbral.
- Eu estou procurando a seção tal?
Ele me respondeu secamente:
- Em primeiro lugar eu deveria te dizer que você deveria pedir licença para entrar em minha sala, em segundo eu deveria te dizer que você não deveria ter ficado no corredor me encarando, em terceiro lugar eu deveria te dizer que a sala que você procura fica no 5º andar, sala número 510 e saia de minha sala.
Eu sai imediatamente, passado, constrangido, chocado e nem falei obrigado.
Mas hoje, 35 anos depois eu respondo o seguinte:
- Senhor funcionário público e o escambal, vá tomar num ponto equidistante das duas bordas de seu dignissimo .
3 ) Ao grande colega de trabalho Garibaldo, mais conhecido pelo apelido de Sidney Diório, e quem é meu leitor antigo sabe que já me referi à letra S, em nomes masculinos amaldiçoando-a, aqui esta uma parte da razão. Em 1970, ele tinha um modo todo engraçado de aparecer, fingindo-se de surdo na minha presença e com isso fazia rolar de rir muitos colegas de trabalho com minha ingenuidade. Num determinado dia, eu em meu papel de office boy que recolhia e distribuia a correspondência interna, que ralava feito besta, que cheguei a ganhar livros com dedicatórias elogiosas de alguns colegas pela qualidade e atenção com que eu prestava minhas obrigações, fui vitima de uma de suas brincadeiras maldosas e em dose exagerada, onde ele escrevia de forma ilegível os nomes dos destinatários obrigando-me a perguntar a ele o que ali estava escrito, e ele sempre me respondia:
- O quê, não entendi, fala mais alto!
E eu era obrigado a gritar feito um louco e a ouvir as gargalhadas mesmo dos chefes de departamento, Sr. Mauricio, Sr. Gonçalo e Sr. Gerson que ali estavam para produzir resultados e não para animar a festa como faziam.
E eu ouvia sempre:
- O quê, não entendi, fala mais alto!
E eu hoje sussurraria aos ouvidos do Sidney, não, não sussurraria, falaria num tom que todos pudessem ouvir, e não eram poucos, eram pelos menos 30 a 40 pessoas numa imensa sala:
- Sidney, você é pequeno, tua alma é pequena, teu humor é tosco. A vida é mais que aparecer, teu legado será ficar na minha memória como um cara desprezível, e eu serei alguém a quem você nunca conquistou a amizade e eu ao longo dos próximos 40 anos terei centenas de amigos que me admiram porque aprendi com a sua insignificância na vida dos outros a ser significante na vida de todos.
Finalmente, ao Sr. Alfio M. que era um bom homem mas mas mal direcionado, ao Funcionário público medíocre que ajudou a construir o Serviço Publico que temos hoje ineficiente e corrupto, e ao Garibaldo, meus votos de um Feliz Natal, porque tenho a certeza de que vocês não são felizes.

3 comentários:

Andréa Lopes disse...

HAHAHAH....MUITO BOM!!!!

Vitório, este ano tive o prazer de conhecer pessoas muito bacanas e uma delas, mesmo que, virtualmente, é vc. Desejo de coração, Paz e Amor à vc, sua esposa e filha.

Um gde bj, feliz 2010!

Anônimo disse...

Puxa, isso que é exorcizar seus demônios 30 anos depois...depois desse tomar no cu coletivo, creio que o perdão aos seres citados é uma questão de tempo...

Família Meneghel disse...

Andréa.
Obrigado por vc estar sempre aqui e um delicioso 2010 prá vcs.
Beijão.

Arqui.
Vc pegou bem a essênsia pq me conhece muito bem e sabe que daqui a 35 anos publico o perdão aqui neste blog.
Abração prá vc e prá todo o povo da roça.