Nos últimos dias tenho ouvido muitas lamentações, e uma ou outra voz mais serena falando que as coisas tem que seguir pelo caminho mais certo. De uma maneira geral as pessoas quando chegam em certas épocas do ano e do mês, principalmente, ficam muito sensíveis a coisas muito pontuais e não ao conjunto dos eventos com os quais estão envolvidos. Em palavras mais simples, se os negócios vão mal, a vida não vale a pena, se o tempo chuvoso não ajuda, a vida também não vale a pena. Eu também tenho essas crises de depressão, pelo menos um vez por dia. Mas sempre dou um sai pra lá nas nuvens negras e procuro ficar na postura de negociador de minhas vontades. Eu tenho sempre que negociar comigo que a vida tem muitos mais elementos positivos que negativos, e isso não é fácil quando você tem durante o dia uma verdadeira corrida de obstáculos onde cada um deles é na verdade alguém que tem alguma compromisso com você e quer saudá-lo com choradeira. Fico na desconfortável tarefa de ter que consolar, iluminar a vida da pessoa para fazê-la ver que tem que cumprir comigo aquilo que se comprometeu a cumprir.
O negociador não tem sentimentos, tem foco e objetivos a realizar. Se me acho uma pessoa humana e sensível tenho que dar uma de homem aranha, trocar de pele e encarnar o individuo distante dos sentimentos alheios e precisamente focado na tarefa de fazer cumprir o acordo.
No transcurso da ação não se obtém nenhum prazer, e não é tarefa do negociador obter prazer nessa etapa, o negociador é um homem de gelo, mas num determinado momento quando obtém o resultado objetivado é claro que se tem um sentimento de glória e vitória. Triunfar dá direito ao mérito do prazer. Fracassar como negociador só te dá o direito de fazer nova abordagem.
É uma terra de bravos, onde fracos e vacilos não tem vez.
Com o tempo você se acostuma tanto com as choradeiras como com as etapas de frieza diante da pseudo-dor. Não precisa com isso se tornar um ser distante e insensível, só precisa saber a hora certa de estar em cada papel. Esse modo prático de enfrentar as coisas não trás em si nenhum cinismo explicito, embora não esteja isento de ser enquadrado como pura manipulação.
É manipulação, mas é uma manipulação salvadora. Uma espécie de encurtamento do caminho pelo vale do sofrimento em que muitos insistem em caminhar.
Alguns anos atrás, muitos anos, eu vi o Daniel Filho da Rede Globo dizendo aos seus colaboradores durante a direção de um programa qualquer: - Faça alegre e rápido.
Isso me marcou, nunca mais esqueci essa lição absolutamente básica de vida.
Faça o mais rápido possível, não fique adiando as coisas do dia a dia. E faça com alegria ou ao menos sem pesar, faça sem sofrer, porque você vai ter que fazer de qualquer jeito e é melhor fazer com um sorriso no rosto. O lema do bom negociador é esse: "Faça alegre e rápido".
Seja inteligente, perceba com quem você esta lidando, veja que sentimento esta envolvido na relação, nunca demonstre que percebeu, seja um camaleão e tenha aderência ao modo da coisa toda, se infiltre e de as cartas até obter a sua solução final.
E deixe Maquiavel rolar no túmulo.
Um comentário:
Vitório, o "faça alegre e rápido" vou tomar para minha vida.
Seu texto ficou brilhante como sempre.
Bacci mille
Mary
Postar um comentário