PENSANDO

PENSANDO

domingo, 6 de dezembro de 2009

O PAI NA NOIVA.

Como dar valor a algo que não desperta em você o menor interesse?
É difícil a tarefa de contentar os outros quando você não consegue sentir o mesmo prazer que eles estão sentindo com aquele objeto de desejo.
Certos eventos sempre foram desprezados por mim, e os principais deles sempre foram as festas de casamento. Nunca consegui ver o sentido de tanto trabalho e gasto por um evento que glorificava uma passagem na vida que é uma entrada segura no território da incerteza. Depois de alguns poucos meses já se avista o casamento na rotina, logo depois os primeiros sinais de esgarçamento e em seguida o inevitável... mas não estou gorando ninguém.
Mas um dia assisti a uma filme do Steve Martin chamado O pai da noiva, e uma cena em especial fez minha vida mudar e minha maneira de ver tudo, não só casamentos, também.
No filme o pai é dono de uma fabrica de tênis e a filha vai se casar, ela sonha o normal de todas as noivas, uma bela cerimonia, uma boa festa e um vestido lindo. O pai atrapalha os sentimentos e pensa como o dono da empresa apenas em economia, facilidades e simplificações extremas. Os gastos vão se mostrando inevitáveis e o sofrimento do pai vai aumentando a cada cena e ele começa a pressionar fortemente com soluções exóticas como a de fazer a festa no quintal ao invés de num salão apropriado, um churrasco informal ao invés de um buffet caríssimo, mas num determinado momento durante o auge dos conflitos ele passando a noite pela sala vê sua linda filha, que ele ama de paixão, dormindo num dos sofás da sala e sobre ela um livro. Ele pega o livro e vê que se trata de uma manual de como fazer seu casamento economicamente, com dicas como: faça você mesma seu vestido de noiva, convide as amigas para prepara os docinhos, recicle, reaproveite, peça emprestado e outros tantos baldes de água fria nos sonhos de quem deseja apenas cumprir o convencional, ter um casamento nos conformes e sabendo que isso só se faz uma vez na vida e que é uma coisa muito desejada e esperada. Nesse momento, absolutamente tocante do filme, o pai e eu percebemos que não é possível sonhar o sonho dos outros. Cada um tem seu sonho e muito faz quem não atrapalha. Dai em diante o pai libera a realização plena do sonho da filha a um custo falimentar, e com o agravante que ele nunca durante toda a cerimônia consegue chegar nem perto da filha dada a uma séria de ocorrências tipo Lei de Murphy, e isso é engraçado e triste no filme, mas dá uma dinâmica muito legal às cenas. O publico sente o outro lado da história, agora o lado do pai que trabalha, ganha uma boa grana mas vê seu investimento sendo isufruido por todos menos por ele.
É isso, não mudei de opinião, apenas de postura, continuo achando que o gasto com cerimonias de casamento são muito longe de minha realidade, mas sempre tomo lá meus calmantes e sigo firme facilitando e tentando realizar os sonhos dos outros. Quando me casei pela primeira vez minha ex mulher usou um macacão riscadinho que de longe parecia jeans na única cerimonia que tivemos num cartório na Vila Prudente, em meu segundo casamento fomos para um igreja minúscula no Bairro onde minha sogra nasceu e o vestido da Regina custou o equivalente a um carro zero na época ( mas foi pago por meu sogro ). Ao meu ver até hoje um delírio.
Mas agora estou eu aqui lambendo minhas feridas, e seremos só padrinhos de casamento no próximo Sábado numa cerimonia relativamente simples mas cheias de sonhos de todas as partes e pessoas envolvidas.
, mas dava prá passar uns par de dias na praia com essa grana que gastei.

Um comentário:

Mary Joe disse...

É bom ir se acostumando Vitorio... logo logo teremos outro ritual que nunca cai de moda, a festa dos 15anos, rs.

Em relação ao casamento em si, concordo em parte contigo. Mas só em parte. Acho que o casamento é um rito de passagem, e como todo rito, deve sim ser celebrado.

Como é a primeira menstruação para celebrar o fim da infância, ou as inevitáveis festas de terceiro ano, para concluir o segundo grau.
E a colação de grau na faculdade?

Mas... aí vem a parte que concordo contigo. Será que esse ritual precisa mesmo de toda a pompa e circunstância? Será que precisa de uma festa suntuosa e carésima?
Quando me casei, meu casamento foi todo filosófico.
Da escolha do horário até as músicas.
Cumpri o ritual da forma como sempre sonhei.
Mas naõ fiz nenhuma recepção. Considerava que era mais acertado gastar o mesmo dinheiro em uma lua de mel bem bacana. E foi exatamente o que fizemos.

Ah! E adoro "O pai da noiva". Acho que é um filme sensível e delicado que mostra com clareza nossa estranheza ao ver que nossos bebÊs cresceram...(lembra dele com a bike dela?)
Beijokas
Mary Joe