PENSANDO

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A TRÉGUA.


Quando chega esta fase do ano onde nada acontece, porque tudo foi planejado com antecedencia, então quem tinha que ficar ficou e esta quieto no canto, quem tinha que viajar já foi e deixou apenas o espaço pra ser ocupado, sentimos que a vida poderia ser levada num ritmo muito mais lento. Eu estou fazendo algumas coisas que a chuva me impediu de fazer durante todo a ano e isso esta se traduzindo rapidamente num visual muito agradável do entorno de minha casa.
Estávamos precisando investir pesado em tratos na vegetação e estou fazendo isso e em troca estou ganhando arranhões das touceiras de amora silvestre, encardidos nos pés e mãos da seiva de um monte de outras plantas que resistem o quanto podem sem ser arrancadas, picadas de mutuca que este ano viraram uma praga e picadas de todos os outros tipos de formigas que estão sendo por mim incomodadas, além da inevitável dor no corpo no final do dia porque não é fácil se adaptar ao ritmo e ao peso do trabalho de cuidar de uma chácara.
Mas o resultado final é sempre muito agradável e só lamento não ter mais entusiasmo por esta propriedade para investir em algumas transformações que a deixariam muito bonita.
Com isso ganhei um vivo interesse em voltar a caminhar pelas lindas estradas daqui da região, num ensaio das caminhadas que pretendo fazer pelo resto de minha vida por este Brasil a dentro. Caminhar com tempo pra parar, olhar e ver a coisas, para apreciar uma sombra, um papo com alguém e pra matar algumas curiosidades. Vou levar sempre meus pincéis e deixar marcas, trocar um almoço por uma pintura na parede de uma birosca, ganhar R$ 5,00 para um cerveja retocando ou corrigindo o letreiro do borracheiro. Quero deixar um rastro e tirar fotos.
Ouvir e contar histórias, não saber onde irei dormir na próxima noite e nem se já é hora de voltar para casa. É a vida que eu quero, banho de rio, chuva na cabeça, ladeira acima e ladeira abaixo. Mas nada muito longo, muito estafante, dois ou três dias e volto pra ficar 15 dias em casa.
Mas uns 4 ou 5 fora e um mês sem sair. Caminha sempre, caminhar por vicinais e estradinhas locais, atravessar pastos e sentar um lugares altos para observar as nuvens formando a chuvarada. Alguns confortos não dispensarei, nem abrirei mão de longos momentos de solidão.
Um bloco de desenho uma caderneta para escrever na hora que der vontade.
É a vida que terei.

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