Temos planos de nos mudar de casa. Talvez de cidade.
Com isso algumas coisas importantes vão se perder porque pretendemos vender a casa que moramos atualmente. E me dei conta disso. Gosto de algumas coisas na propriedade mas desgosto de muitas outras, na média tem mais coisas que não gostamos. E as coisas que vamos perder são importantes para a gente. O porão onde trabalho, guardo meus livros, dormem os meus gatos e onde estão entulhados bagulhos intraduzíveis é também onde a Rê me informou que estava grávida. O quarto onde minha filha foi feita também vai pro embrulho. Aquelas tardes gostosos de outono em que cuidavamos da chácara, depois sentavamos bebendo cerveja para admirar o trabalho feito completamente exaustos ficarão só na memória, mas do trabalho exaustivo pretendemos nos livrar. O bambuzal que tem toda uma magia também será parte do passado. Nesses 17 anos que moramos aqui muitas coisas mudaram e não foram para melhor.
Mas nós aprendemos a querer. E o que queremos não é isso que temos.
Foi bom mas sabemos que é possível ter algo melhor, um lugar onde nossa vida flua de forma diferente, menos isolados, com recursos mais próximos, com amigos da idade de minha filha para ela poder interagir. nesse tempo passado aqui aprendemos que é mais fácil construir que reformar, que é mais fácil conservar algo bem feito que ficar gastando com coisas que não funcionam desde sua origem. Queremos luz, aqui temos sombra e cinza demais, isso deprime.
Quero ocupar os meus anos de vida útil que tenho para construir algo simples, na medida, devassado pela luz e que tenha a cara de algo que esta em minha cabeça a muitos anos e ainda não encontrei, então vou fazer.
Só que aqueles lugares sagrados vão se perder, portanto, nunca dê o primeiro beijo dentro de casa, nem conte aquela novidade entre quatro paredes, escolha uma praça, ou um lugar onde você possa sempre voltar. Um lugar que seja seu e de todos eternamente.
2 comentários:
Vitório, posso discordar?
Passei por uma situação parecida. Morei na mesma casa até me casar e mudar de cidade. Mamãe morou lá até 2007. Mas a casa foi vendida e todos perdemos o ninho inicial.
Só que naõ acho que perdi nada. Porque minhas memórias e a vida que tive lá estarão para sempre comigo.
Agora, ver a casa ficando velha, e se acabando porque nenhum de meus irmãos (eu inclusive) se dispunha a gastar praticamente o valor dela em reforma.... isso sim seria uma forma de perder o carinho que tivemos por ela.
Acho que mudanças são enriquecedoras e necessárias. E de mais a mais, nada será como antes. Nunca.
Beijokas
Mary
MaRy JoE
Deve discordar sempre que pensar diferente de mim.
Sobre esta postagem já nos falamos por e-mail, obrigado por seu carinho.
Abçs.
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