PENSANDO

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O MENINO DO PIJAMA LISTRADO

Um equivoco de uma criança leva a uma tragédia.
Tendo como fundo um face da segunda guerra mundial, a história filmada, mostra uma abordagem muito interessante do feitiço virando contra o feiticeiro. Um grande filme que vai tecendo a trama muito aos poucos e você em momento algum de ideia de que o final terá uma ocorrência onde não é possível desarmar os mecanismos que levarão à tragédia.
Assistimos num cinema particular e o filme gerou reações fortes em toda a plateia. Fortes e inesperadas. Pessoas de origem europeia preferiram deixar a sala antes do final do filme por acharem a trama bastante carregada, e todos achamos plenamente justificável. Temas como o genocídio do povo judeu parecem já ter esgotado as possibilidades cinematográficas. Mas este filme na verdade tem uma conotação, a meu ver, diferenciada, ele trata de moral e ética profissional, trata da ingenuidade infantil e de uma fatalidade. O pano de fundo é a guerra, mas não é um filme sobre a guerra.
Eu entendo tanto o sentimento de quem preferiu não ver o final do filme, como os que se desmancharam em lágrimas diante da fatalidade.
É que o autor montou de forma muito contundente um personagem de total ingenuidade e de como uma pessoa de alma pura vê e encara o mundo. É brutal ver que os puros sempre vão se dar mal em suas boas intenções. Que o mundo prepara armadilhas para aqueles que tratam a todos como iguais. O filme é tocante nesse ponto, ver os dois garotos discutindo suas sortes sem saber sobre o quê estão de verdade conversando. Essa dimensão do filme é incomoda, ver um garoto judeu trabalhando em serviços pesados e forçados, passando fome e tentando explicar ao filho de um oficial nazista por que ele vive aquela vida ruim que nenhum dos dois consegue compreender. Eles não viveram o suficiente para entender os mecanismos cruéis da vida e procuram uma solução para um problema que não sabem qual é.
Mostrar que um dia fomos assim - ingênuos, puros e carentes de proteção para nos mantermos vivos - e que a vida ao invés de nos levar a um plano ideal de sensibilidade e atenção aos sentimentos e valores alheios nos leva a um estado de malícia e prevenção em relação aos outros é no mínimo dolorido.
Pior é ver que quem não se torna velhaco, dança inevitavelmente; ver que o único caminho possível para se viver nesse mundo é ser mais esperto, mais forte, mais ousado e cruel que os outros. Tratar sobre a perda da ingenuidade não é tarefa fácil, mas neste filme a manipulação dessa ideia é absolutamente original.
Gostaria até de ler o livro, mesmo depois de ter visto filme.

2 comentários:

Creuza disse...

o livro é bem superior ao filme,vale a pena ler...esta história trás uma carga emocional muito grande e as reações depende mt da percepção que vamos tendo ao decorrer dos acontecimentos...trás-no uma reflexão sobre a profundidade de uma amizade,da pureza e ingenuidade de uma cça,mostra a fragilidade dos relacionamentos, qdo o menino alemão nega ter dado alimento ao menimo judeu e este sofre as consequencias e que nos dias de hoje é tão comum esta atitude entre as pessoas...leva-nos a pensar que mundo só será melhor se voltarmos a ter o olhar de uma cça ,uma visão de amor ,amizade e esperança.

Família Meneghel disse...

Creuzita
Esta passagem da traição entre os amigos eu vou abordar mais oportunamente, mas achei uma das partes mais impactantes do filme, assim como qdo o médico é espancado pelo soldado na frente da familia na mesa do jantar.
temos muito que falar sobre.
bjs.