PENSANDO

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sábado, 27 de junho de 2009

O CARIMBO DO GALO

Quando eu tinha uns 7 anos de idade fiz algumas aulas de reforço não lembro em que matéria.
Lembro da professora, do lugar e sei onde é hoje e lembro da professora ter me prometido carimbar as folhas de meu caderno com figuras de bichos se eu na semana seguinte tivesse feito tudo certinho. Fiquei fascinado pela figura de uma galo e fui prá casa imaginando as cores e tinha na minha mente um retrato perfeitamente acabado do carimbinho pintado. Se você quer saber como é? Olhe uma lata de azeito português Galo que é exatamente assim, embora até naquela ocasião eu nunca tivesse visto uma lata daquelas.
Só que não aconteceu a aula seguinte nem nunca mais tive aulas e nem ganhei a carimbada. 44 anos depois ainda sinto, lamento e fico triste em saber que aquela espera foi em vão, a semana foi longa e eu fiz a minha parte, até hoje não sei por que meu mérito não foi compensado, por que não teve mais aula de reforço ou que foi afinal que eu fiz de errado.
Mas vamos ao ponto... era de se esperar que a gente tivesse uma resposta prá isso tanto tempo depois, mas eu não só não tenho, como de pensar achei outros eventos idênticos que foram se sucedendo em minha vida e descobri o quanto é banal a gente acreditar que vai receber o justo.
Mais ainda, o quanto somos indefesos e o quanto deixamos prá lá esse tipo de coisas para não criar mais confusões na vida da gente. De sorte que o saldo negativo vai aumentando e você não percebe o quanto até chegar o seu dia de fúria. O dia em que você resolve cobrar de uma só vez tudo que a vida te deve. Você quer tudo de uma vez, não tolera mais esperar sua vez que nunca chega, se cansa de esperar que lhe seja feita justiça, não vai mais deixar nada para lá.
Te taxam de louco, mas dane-se, você liga o famoso botão do foda-se a vai atrás daquilo que é seu. E é engraçado como nessa hora você sabe exatamente a dimensão daquilo que a vida te deve. Você passou a vida acumulando, mas tem uma hora que você tem uma descarga eletrica que calcula os números e te dá o saldo exato.
Eu tinha que aprender algo com isso, e aprendi, já faz tempo, que quando você se compromete tem que ir em frente tem que arcar com o ônus do compromisso. Não se pode fazer um olho brilhar e depois esquecer-se disso e fazer de conta que não foi bem assim, achar que você pode dar um thomé na maior e tudo fica bem, não fica, um dia a fúria chega e nesse dia a cobrança será feita.
Eu cumpro, se não posso esclareço, e me dedico a poder cumprir assim que possível.
O estranho é que eu achava que os adultos não ligavam para o coisas assim porque quando eu era criança eu ouvia que isso era besteira, mas acho que só os adultos insensíveis não ligam, sentimentos independem de idade.

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