Antigamente era assim, o pai trabalhava, a mãe cuidava da casa, os filhos estudavam, todos tinham planos. Mas os planos tinha uma ordem hierárquica rígida. Primeiro construir a casa própria num bairro onde a família tinha algum tipo de ligação ou num loteamento novo, depois a mobília nova, depois um carro, e talvez uma faculdade para um dos filhos e quem sabe um dia uma linha telefonica, o máximo do luxo.
De supérfluo uma semana numa praia, uma maquina de lavar roupas.
Sonhos individuais praticamente inexistiam. Os sonhos eram coletivos beneficiando a todos os membros da família.
Mudou.
Hoje quase todo mundo rala, e cada um tem seu sonho de consumo que na maioria das vezes é trocar de celular. Os sonhos estão ficando cada vez mais ridículos.
Eu ralo por 3 pessoas, e não tenho grandes sonhos de consumo, nem celular tenho nem quero comprar. Os demais itens acima já temos todos e vários em duplicidade, ou, mais de duas casa, dois carros, três telefones, duas maquinas de lavar, duas faculdades, varias semanas na praia.
A falta de um sonho comum gera um enorme vazio que é preenchido frequentemente com discussões inúteis, fúteis e chorumelas intermináveis por pequenos prazeres que são em verdade desprazeres para a maioria da família.
Antes era mais fácil sonhar e mais difícil de conseguir. E cada conquista contava muito.
Hoje quando você esta abrindo a caixa do celular novo não pode olhar na televisão ao mesmo tempo, senão vai descobrir que o sonho já mudou.
Um comentário:
Vitório, acho isso meio preocupante, sabe? Porque nos tornamos uma máquina de desejar constante.
Adorei particularmente o final de seu texto. É simplesmente impossível acompanhar as novidades. Mas... será que é preciso?
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