PENSANDO

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sexta-feira, 15 de maio de 2009

DITADURA - GRILHÕES E OFENSA VELADA.

Ao ser humano é impossível ser coerente. Nossa bíblica imperfeição, nós faz donos do direito de errar o quanto quisermos para que Deus nos oriente e perdoe no dia do juízo final.
Acham que é assim?
Coisa nenhuma, somos incoerentes e isso é uma característica básica do ser humano no campo de batalha que é a vida na era da informação. Mas há uma obrigação intima de ser ético consigo mesmo. Ou ter que padecer no colo da consciência.
Tudo que aceitamos sem brigar de soco e unhada, nós torna mais próximos de uma modelo bem acabado de covardia. Somos então covardes e incoerentes quando aceitamos passivamente padrões de uma ditadura de ideias, valores e estéticas perfeitamente harmónicas.
Vi no sábado num canal chamado Wh1, um programa chamado Princesinhas... sobre aqueles concursos de misses mirins americanas. A meninas de 6 anos são miniaturas de estrelas do cinema dos anos 50/60 e sua mães são ( desculpem me ) balofas.
Balofas porque pesam mais de 100 quilos e são obcecadas por uma padrão de beleza que não possuem, não se esforçam em possuir e duvido que se conseguissem, seriam capazes de manter- não por falta de esforço mas porque a natureza manda mais, e manda forte.
Mas para as filhas elas adotam a ditadura da beleza. A imposição da frustração por uma derrota. É aversivo o mundo que criaram e o padrão alucinado de beleza que torna a todos ali patéticos. Trata-se de uma caso coletivo de doença comportamental. Mas quem não participa daquele mundo come nas bordas daquele mesmo mundo. E incautamente acaba assumindo valores estéticos e competitivos incorretos.
Naquele filme muito bom chamado se não me angano O amor é cego, onde o cara se apaixona por uma obesa e a acha uma miss, tudo isso é desmascarado. A garota é legal, a família é sensível às dificuldades dela o cara é sincero sendo seu amor honesto. Ali, embora fazendo piada, as coisas estão para o cara nos seus devidos lugares, não há incoerência nem ditadura. O que para todos parece uma doença ou loucura individual é na verdade o oposto, pois todos estão doentes e cegos menos o cara apaixonado.
Na vida, no dia a dia a coisa pega feio.
Sou magro e vez por outra acho que estou ficando barrigudo.
Mas como, serei eu algum deus grego????... não posso ter barriga????, mas me olho de perfil e do alto de meus 1,88 e escassos 78 quilos ( morram de inveja mortais ), me acho um velho de 51 anos barrigudo, acabado, pelancudo, deformado... enfim um trapo.
Mas e os 1200 livros que li, os 3000 filmes que assisti, os mais de 4000 desenhos que já fiz, as 10.000 musicas que sei decor, as 300 peças de teatro que já assisti, as festas que fiz, as caronas que dei, os amigos que ajudei, os desabafos que ouvi, a filha que estou criando, as contas que pago em dia, as velhinhas que ajudei a atravessar a rua, o filho e marido que sou, os quilometros que nadei, as piadas que contei e que tanto fiz rir e os bichos que alimentei e que me adoram?
Minha coerência diz que posso ser incoerente e me achar feio no espelho, mesmo sendo uma cara bonito quando visto no espelho das almas.
Mas este assunto vai ter muita continuação.

Um comentário:

Mary Joe disse...

Vitorio, mas será que ser feio no espelho e bonito na alma também naõ é uma forma de vc manter o status quo... não seria melhor mudar seu próprio padrão e se assumir bonito... como é?

Passei minha vida toda ouvindo que tinha beleza interior, e de repente, me apaixonei loucamente pelo cara uqe me falava que eu era (e sou linda) com todos os quilos que tenho.

Todos sabemos que a beleza estereotipada desses concursos e padroes é inacessível para gente feito eu. Com genética para matrona. Mas...

Será que é de per si eternamente negado a nós o direito de nos sentirmos belas sendo quem somos?
Mesmo sendo quem somos?

Claro que os olhos da alma tem muito valor, bem como os 800mil livros que li e todas as coisas boas que posso trazer comigo, mas convenhamos, um olho brilhando ao te olhar e falar, vc está linda hoje... não tem preço!